O cenário político para a sucessão presidencial ganha novos contornos com a possibilidade de a direita brasileira adotar uma “estratégia à chilena”. Em comentário recente, o jornalista Ricardo Noblat destacou falas de Felipe d’Avila sobre a necessidade de pulverizar votos no primeiro turno como forma de garantir a realização de um segundo turno contra o atual governo.
A fragmentação como tática
Segundo a visão apresentada por d’Avila, o caminho ideal para a oposição seria o lançamento de múltiplos nomes de peso da direita. A lista incluiria governadores como Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás).
O objetivo central dessa tática seria evitar uma vitória do presidente Lula ainda no primeiro turno. A tese se baseia no modelo eleitoral recente do Chile, onde diversos candidatos de espectros similares competem inicialmente para unir forças apenas na reta final.
Incertezas e o fator Flávio Bolsonaro
Apesar do entusiasmo de alguns setores com a estratégia, Noblat levanta questionamentos sobre a viabilidade dessa união automática. “Quem garante que a direita estaria unida em torno de um único nome?”, provocou o jornalista, ressaltando que uma direita excessivamente fragmentada pode, ao contrário do esperado, revelar fragilidade em vez de força.
O debate também passa pela figura do senador Flávio Bolsonaro. Noblat aponta que, caso a estratégia de múltiplos nomes seja adotada, o herdeiro político de Jair Bolsonaro poderia ser o nome a concentrar os votos anti-PT em um eventual segundo turno. Entretanto, o jornalista pondera que a alta rejeição de Flávio é um obstáculo significativo que o grupo precisaria enfrentar.
O cenário atual revela uma direita que, nas palavras de Noblat, parece “zonza” diante das opções postas à mesa, oscilando entre o desejo por Tarcísio de Freitas e a necessidade de acomodar as pretensões da família Bolsonaro e de outros governadores do campo conservador.
