Neste mês, é celebrado o Dezembro Laranja, uma campanha nacional de conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de pele, o tipo de tumor mais frequente no Brasil. Assim como outras doenças humanas, essa é mais uma condição que também pode atingir os pets — e muitos tutores não sabem.
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Pensando nisso, os donos de cães e gatos precisam ter cuidados preventivos e ficarem atentos aos sinais. Fernando Resende, professor de medicina veterinária, explica que alguns animais podem ter mais predisposição. “Pelagem clara, pele despigmentada e pelagem curta estão em maior risco de desenvolver tumores de pele.”
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Além disso, entres os cães, a doença é mais comum em raças como bull terrier, pit bull, dálmata, boxer e whippet, além de mestiços de pelagem clara e curta. Já para os gatos, animais brancos ou com áreas extensas de pelagem branca — principalmente em cabeça e orelhas — são mais suscetíveis.



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Fique atento aos sinais
No entanto, Fernando alerta que qualquer pet pode desenvolver neoplasias cutâneas, ainda que não tenha as características de risco. “Portanto, toda lesão persistente deve ser avaliada por um veterinário.”
Desconfie quando observar esses sinais:
- Feridas ou crostas que persistem por semanas, sem cicatrizar completamente;
- Áreas de pele avermelhadas ou com aspecto áspero, que descamam com facilidade;
- Nódulos ou caroços na pele, firmes ou ulcerados, que sangram facilmente;
- Mudança de cor em áreas de pele despigmentadas (por exemplo, região do focinho, pálpebras e ponta das orelhas);
- Lesões em regiões muito expostas ao sol, como nariz, orelhas e abdômen, em animais de pelo curto ou pouco pigmentados;
- Em estágios mais avançados: dor local, incômodo ao toque, prurido, sangramentos recorrentes, odor desagradável, apatia, perda de peso e redução de apetite.
Ele ainda menciona que os sinais clínicos são semelhantes em cães e gatos, mas o padrão pode variar um pouco entre as espécies. Nos bichanos, é mais comum que apareça em áreas despigmentadas e com pouco pelo, principalmente no nariz, pálpebras e ponta das orelhas.
“Frequentemente se inicia como uma feridinha ou crosta que o tutor interpreta como arranhão ou dermatite simples, mas que vai aumentando, ulcerando e invadindo tecidos mais profundos”, alerta o docente do Centro Universitário Uniceplac.

Nos caninos, além dessas lesões, pode ocorrer tumores na região abdominal, flancos, períneo e extremidades. “Outras neoplasias cutâneas relativamente comuns em cães são mastocitomas e melanomas cutâneos, que também podem sofrer influência de fatores genéticos e ambientais.”
Tudo começa com prevenção
Para evitar que os animais de estimação sejam acometidos pelo câncer de pele, ele afirma que a prevenção passa, em primeiro lugar, pelo controle da exposição solar e pela detecção precoce.
Confira algumas orientações:
- Evitar exposição ao sol nos horários de maior intensidade de radiação (entre 10h e 16h);
- Para animais de pele clara ou áreas despigmentadas, é recomendável o uso de filtros solares específicos para uso veterinário;
- Oferecer sempre sombra e abrigo, especialmente em quintais, lajes ou áreas descobertas;
- Manter ectoparasitas sob controle, tratar dermatites e alergias para evitar inflamação, que pode predispor a alterações celulares;
- Evitar o uso indiscriminado de produtos químicos, pomadas ou soluções irritantes sem orientação profissional;
- Levar o animal regularmente ao veterinário, que realizará o exame clínico completo;
- Em casa, examinar periodicamente a pele do animal, afastando os pelos para procurar por nódulos, feridas, crostas, áreas de pele grossa ou com coloração diferente.
“De modo geral, quanto mais cedo a neoplasia é identificada, maior é a probabilidade de cura e menor o impacto sobre a qualidade de vida do animal. Lesões pequenas, bem delimitadas e tratadas precocemente costumam ter prognóstico muito favorável”, relata.
Há tratamento
O especialista comenta que o tratamento depende do tipo de tumor, localização, estágio da doença e condição geral do pet. “Cirurgia é a escolha na maioria dos tumores de pele, especialmente quando identificados precocemente. A remoção aumenta muito as chances de cura local. Em muitos casos, a cirurgia isolada é suficiente.”

A quimioterapia, venosa ou oral, pode ser utilizada como um tratamento após a cirurgia ou palitivo, principalmente em casos de câncer agressivo. “A radioterapia, quando disponível, é uma ferramenta importante, principalmente em áreas em que a remoção cirúrgica ampla é difícil.”
“Independentemente da modalidade escolhida, o princípio é sempre individualizar o protocolo, equilibrando eficácia, controle da dor, qualidade de vida e expectativas da família. O acompanhamento periódico é essencial para monitorar recidivas e possíveis efeitos adversos”, orienta.
Fernando também menciona que alguns centros utilizam outras terapias complementares. “Técnicas como eletroquimioterapia, terapias alvo, dependendo do tipo de tumor, e imunomodulação”, exemplifica.



