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    Do baixo clero à prisão: a ascensão e queda de Bolsonaro

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    Para não esquecer: o rastro de polêmicas e a ascensão circunstancial de Jair Bolsonaro

    Em tempos de volatilidade política, o exercício da memória torna-se uma ferramenta indispensável. Analisar a trajetória de Jair Bolsonaro exige olhar para muito além dos quatro anos de mandato: é preciso revisitar as raízes de um deputado do “baixo clero” que, impulsionado por um vácuo de poder e circunstâncias atípicas em 2018, chegou ao Palácio do Planalto.

    Relembrar alguns fatos é crucial para entender a figura que hoje, mesmo fora do cargo e preso, mantém a direita brasileira sob sua sombra e dependência.

    Os Pilares da Eleição de 2018

    É fundamental recordar que a vitória de 2018 não se deveu apenas ao capital político do candidato — que, à época, era uma figura sem grande projeção principalmente para o grande público —, mas a dois fatores externos decisivos: a prisão de Lula, que liderava as pesquisas, e o atentado (facada) em Juiz de Fora. Sem tempo de TV e com poucos recursos partidários, o episódio trágico garantiu a Bolsonaro uma cobertura midiática massiva e espontânea que impulsionou sua candidatura.

    O Medo da Exposição e a Sombra do Golpe

    Relatos de bastidores apontam que, ao ver a primeira pesquisa Datafolha que o colocava em segundo lugar, a reação de Bolsonaro foi de medo da exposição (“teto de vidro”) e não de euforia. Além disso, a intenção de ruptura institucional sempre permeou seu discurso, exemplificada pelo comício realizado ilegalmente na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) ainda no início de sua campanha.

    Histórico Militar Questionável

    Sobre o passado no Exército, imagens de época mostram Bolsonaro marchando, sob o apelido de “Cavalão” por sua aptidão física em corridas curtas. Contudo, a ficha militar é lembrada negativamente, incluindo o planejamento de atentados a bomba para protestar por soldos e atividades irregulares de garimpo no Mato Grosso do Sul.

    A Dependência da Direita e o “Teatro” da Saúde

    O cenário atual revela uma direita brasileira ainda refém da “bênção” de Bolsonaro, sem sucessores com autonomia real, como demonstra a postura do governador Tarcísio de Freitas. Por fim, nota-se a conveniência das crises de saúde do ex-presidente, como os soluços que surgem na presença de familiares, contrastando com sua postura contida durante depoimentos à Polícia Federal.

    Confira: