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Dólar abre em alta com ata do Copom e relatório de emprego nos EUA

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Dólar abre em alta com ata do Copom e relatório de emprego nos EUA

O dólar operava em alta, na manhã desta terça-feira (16/12), com as atenções dos investidores divididas entre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) e o relatório oficial de emprego nos Estados Unidos, o chamado “payroll”.

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Ata do Copom

O Copom divulgou a ata referente à reunião de dezembro. O colegiado enxerga cenário externo ainda incerto, mesmo após os EUA baixarem a guarda em tarifas, e cita o “esmorecimento” no esforço de reformas estruturais que contribuem para a “disciplina fiscal” do governo.

Na ata, o colegiado ainda não descarta uma eventual retomada da elevação da taxa, que está em 15%. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz trecho da ata.

Na ata, o comitê explica os motivos que levaram ao fim do ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic. A taxa foi mantida em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva.

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O ciclo de aperto monetário teve início em setembro do ano passado, quando o comitê decidiu interromper o ciclo de cortes e elevar a Selic, que passou dos então 10,5% ao ano para 10,75% ao ano.

A Selic está no patamar mais elevado em quase 20 anos. Conforme dados da série histórica, a taxa de juros é a maior desde julho de 2006, época do fim do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“O Comitê avalia que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para se observar ganhos desinflacionários e, mais uma vez, reafirma o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, diz a ata.

“Além disso, nota que os vetores inflacionários se mantêm adversos e que seguirá acompanhando o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços; as expectativas de inflação, que se mantêm desancoradas e são determinantes para o comportamento da inflação futura; o repasse do câmbio para a inflação; o balanço de riscos; e a própria dinâmica da inflação corrente. Diante das condições observadas e prospectivas, o cenário prescreve uma política monetária significativamente contracionista por período bastante prolongado.”

No texto, o Copom afirma ainda que, “endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, prosseguem a moderação gradual da atividade em curso, a diminuição da inflação corrente e a redução nas expectativas de inflação”.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz a ata do Copom.

Segundo Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos, a ata do Copom “deixa clara a questão da vigilância e do compromisso com o controle inflacionário”. “Apesar de o comitê reconhecer avanços no processo de desinflação, deixa evidente que o cenário ainda exige cautela, sobretudo por conta das expectativas que seguem desancoradas e de um ambiente fiscal que adiciona bastante ruído ao balanço de riscos”, diz o analista.

“O tom acaba sendo mais firme quando destaca que a política monetária precisa permanecer restritiva por tempo bastante prolongado. Sem espaço para complacência, o Copom sinaliza que cortes de juros, quando ocorrerem, vão depender de evidências consistentes de convergência da inflação para a meta e não apenas de leituras pontuais mais benignas”, prossegue Sueishi.

“Em resumo, a ata consolida uma uma prudência elevada, com foco absoluto na ancoragem das expectativas, e deixa claro que a taxa de juros é um instrumento ativo e que o Copom está pronto para mantê-la alta por tempo necessário para garantir a estabilidade de preços. Parece um Copom menos preocupado com o curto prazo e mais comprometido com a credibilidade do regime de metas.”

“Payroll” nos EUA

No front externo, o grande destaque desta terça-feira é a divulgação dos dados oficiais de emprego nos EUA pelo Departamento do Trabalho.

O “payroll” é um indicador econômico mensal dos EUA que mostra a evolução do emprego no país fora do setor agrícola. O relatório, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), é considerado determinante para as avaliações sobre o desempenho da economia norte-americana.

A força do mercado de trabalho nos EUA é um dos componentes considerados pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) para definir a taxa de juros e esfriar a demanda na economia a fim de combater a inflação.

Analistas temem que uma possível aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Fed. Nesse sentido, dados mais fracos do “payroll” poderiam ser até considerados positivos, por sinalizarem maior espaço para a queda dos juros – embora também exista a preocupação em relação a uma retração excessiva da maior economia do mundo.

Atualmente, a taxa de juros nos EUA está no intervalo entre 3,5% e 3,75% ao ano, depois de três cortes seguidos de 0,25 ponto percentual. A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros, a primeira do ano, está marcada para os dias 27 e 28 de janeiro.

De acordo com o consenso LSEG, que reúne as principais projeções do mercado, os EUA devem criar 40 mil vagas em novembro. Em setembro, foram 119 mil.

A taxa de desemprego nos EUA deve ficar em 4,5%, segundo a média das estimativas dos analistas. No último relatório, foi de 4,4%.

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