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Dólar avança a R$ 5,42. Bolsa caminha para alta, aos 162 mil pontos

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Dólar avança a R$ 5,42. Bolsa caminha para alta, aos 162 mil pontos

O dólar começou a semana em leve alta, nesta segunda-feira (15/12), em um dia no qual os investidores repercutiram indicadores divulgados pela manhã, como o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), e o Relatório Focus, que reúne as principais projeções do mercado financeiro sobre a economia brasileira.

No cenário internacional, o mercado acompanhou declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) e também monitorou dados sobre a produção industrial e as vendas do varejo na China.

No mercado de ações, o destaque negativo do dia ficou por conta da Azul, uma das três maiores companhias aéreas do país, cujas ações afundaram mais de 23% no primeiro pregão da semana – dias depois de a Justiça norte-americana ter aprovado o plano de recuperação judicial da empresa no âmbito do Chapter 11, mecanismo equivalente à recuperação judicial no Brasil.

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Economia em desaceleração

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou que a economia brasileira recuou 0,2% em outubro, na comparação com o mês anterior. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC).

Este é o segundo resultado negativo consecutivo. Em setembro, também houve retração de 0,2%. No trimestre, também houve queda de 0,2%.

Para chegar ao resultado, o Banco Central fez um ajuste sazonal (um cálculo que remove as flutuações sazonais de uma série temporal para comparar períodos diferentes). O indicador é considerado uma prévia do PIB do país.

O IBC-Br incorpora estimativas de crescimento para os setores agropecuário, industrial e de serviços. O cálculo é feito com ajuste sazonal, o que permite comparar períodos diferentes. Trata-se de uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país, a Selic.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país. Uma alta significa que a economia está crescendo em ritmo bom, enquanto um recuo implica encolhimento da produção econômica da nação.

Por setores produtivos, a agropecuária registrou crescimento no mês, com avanço de 3,1%. A indústria caiu 0,7% e os serviços tiveram resultado negativo de 0,2%.

Em relação a outubro do ano passado, o IBC-Br teve alta de 0,4%. Em 12 meses, o indicador do BC apresentou aumento de 2,5%. No ano, a chamada prévia do PIB registrou expansão de 2,4%. Todas essas variações foram calculadas sem ajustes sazonais.

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Em linhas gerais, apesar da perda de força do PIB, o mercado reagiu positivamente aos dados do IBC-Br, que reforçaram a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deve iniciar o ciclo de cortes da taxa básica de juros (Selic) no começo de 2026, diante do arrefecimento da atividade econômica.

Segundo André Valério, economista sênior do Banco Inter, “o resultado chama atenção diante do comportamento das estatísticas setoriais divulgadas pelo IBGE, que apontaram crescimento nos três principais setores”. “Ainda assim, o IBC-Br indicou recuo de 0,7% na indústria e de 0,2% em serviços”, observou.

“O desempenho do índice só não foi mais negativo devido ao avanço de 3,1% do setor agropecuário. De fato, ao excluir o agronegócio, o IBC-Br teria registrado queda de 0,3%”, destaca Valério.

Para o economista, “o IBC-Br sugere a continuidade da tendência de acomodação do crescimento, movimento que também é observado nos dados do IBGE”. “Isso ocorre apesar das altas registradas em outubro, que refletem os efeitos defasados da política monetária restritiva”, afirma.

“Assim, o cenário aponta para uma desaceleração já consolidada da atividade econômica, ainda que não intensa o suficiente para indicar uma recessão no horizonte. Essa deterioração, combinada à desinflação recente, reforça nossa expectativa de início dos cortes da Selic no primeiro trimestre, em especial na reunião de janeiro”, completa Valério.

Para Matheus Pizzani, economista do PicPay, o dado “deve intensificar as discussões sobre os próximos passos da política monetária, uma vez que vai de encontro justamente com um dos pilares do último comunicado do Copom, que trata do ritmo de crescimento ainda considerado positivo pela instituição”.

“Prospectivamente, afora espasmos de crescimento gerados por fatores sazonais, o quadro de outubro deve se repetir nos últimos dois meses de 2025, consolidando o quadro de acomodação da atividade econômica, com a indústria, especialmente em seu segmento de transformação, ainda caminhando de maneira lateralizada, e subgrupos do setor de serviços mais sensíveis aos ciclos econômicos dando continuidade à desaceleração em curso”, aponta.

Estimativa para inflação volta a cair

Os analistas do mercado financeiro consultados pelo BC reduziram a estimativa de inflação para 2025. É o que mostrou a nova edição do Relatório Focus, divulgada nesta segunda-feira.

De acordo com o relatório, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar este ano em 4,36%, ante 4,40% da semana anterior. Em relação ao PIB de 2025, a projeção foi mantida em 2,25%.

Segundo o Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3%. Como há intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, a meta será cumprida se ficar entre 1,5% e 4,5%.

Ainda segundo o Focus, o PIB do Brasil para 2025 deve ter crescimento de 2,25%, a mesma projeção da semana passada.

Para 2026, a previsão de crescimento da economia foi mantida em 1,80%. Para 2027, a estimativa foi reduzida de 1,84% para 1,83%. Em 2024, o PIB brasileiro fechou em alta de 3,4%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação à taxa básica de juros da economia, a Selic, o mercado financeiro manteve a estimativa para o fim de 2025 em 15% ao ano.

Para 2026, a projeção caiu de 12,25% para 12,13% ao ano. Para 2027, o mercado manteve a estimativa para a Selic em 10,50% ao ano.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic foi mantida em 15%. A próxima reunião do colegiado está marcada para 27 e 28 de janeiro.

Juros nos Estados Unidos

No front externo, as atenções dos investidores continuaram voltadas para os Estados Unidos, à espera de “pistas” a respeito da trajetória da taxa básica de juros da maior economia do mundo.

Nesta segunda-feira, dois dirigentes do Federal Reserve (Fed) fizeram pronunciamentos: Stephen Miran, membro do Conselho de Governadores do BC norte-americano, e John C. Williams, presidente do Fed de Nova York.

Na semana passada, na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed em 2025, o corte nos juros foi de 0,25 ponto percentual, acompanhando as projeções da maioria dos analistas do mercado. Agora, os juros estão no patamar entre 3,5% e 3,75% ao ano.

Foi a terceira redução consecutiva na taxa de juros pelo BC dos EUA. Na reunião anterior do Fed, em setembro, o corte também havia sido de 0,25 ponto percentual.

A votação não foi unânime. Stephen Miran votou por um corte maior, de 0,5 ponto percentual, enquanto Jeffrey R. Schmid e Austan D. Goolsbee votaram pela manutenção da taxa de juros.

O próximo encontro da autoridade monetária para definir a taxa de juros, o primeiro de 2026, está marcado para os dias 27 e 28 de janeiro.

Indústria e varejo perdem força na China

Outro destaque da agenda econômica internacional neste início de semana foi a divulgação de dados sobre a China. A produção industrial do gigante asiático desacelerou para a mínima em 15 meses em novembro, enquanto as vendas do comércio varejista tiveram seu pior resultado desde o fim das restrições pela pandemia de Covid-19.

Na indústria chinesa, a produção cresceu 4,8% no mês passado, em comparação com o mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS). Foi o ritmo mais fraco de crescimento do setor industrial desde agosto do ano passado.

Já as vendas do varejo avançaram 1,3% em novembro, o índice mais baixo desde dezembro de 2022. A projeção dos analistas do mercado era a de uma alta bem maior, de 2,8%.

Ações da Azul afundam

As ações da Azul negociadas na Bolsa de Valores tiveram um dia de fortes perdas. Por volta das 17 horas, os papéis da companhia tombavam 23,5% e estavam cotados a R$ 0,81.

Com a confirmação do plano, a Azul avança no processo iniciado em maio deste ano, quando ingressou com o pedido na Justiça norte-americana para reorganizar suas obrigações financeiras. A empresa foi a última, entre as principais companhias aéreas brasileiras, a recorrer ao Chapter 11.

De acordo com a Azul, a reestruturação prevê uma redução superior a US$ 3 bilhões em dívidas, além de cortes em obrigações relacionadas a arrendamentos de aeronaves, despesas com juros anuais e custos recorrentes da frota.

Em comunicado ao mercado, a empresa afirmou que o plano aprovado inclui acordos comerciais e alterações em contratos de leasing de aeronaves, medidas que, segundo a avaliação da própria companhia, ampliam a flexibilidade financeira no longo prazo e criam condições para um crescimento considerado sustentável após a saída do processo.

Outro ponto central da reestruturação é a previsão de uma oferta pública de ações que pode alcançar até US$ 950 milhões. A operação está dividida em etapas e envolve, entre outros aspectos, a conversão de créditos de determinados credores em participação acionária na empresa.

Com a aprovação do plano nos EUA, a Azul está mais próxima de sair da recuperação judicial em breve, segundo avaliação predominante no mercado.

O Bradesco BBI espera que a companhia aérea tenha um balanço mais organizado após o encerramento do processo, com a diminuição da dívida total após conversão em ações e novos aportes de capital. Por outro lado, segundo analistas do mercado, é esperada uma diluição massiva dos acionistas minoritários.

A diluição de acionistas é a redução da porcentagem de participação de um acionista na empresa devido à emissão de novas ações – o que aumenta o número total de ações e, consequentemente, diminui o poder de voto e a fatia nos lucros de cada acionista antigo, mesmo que o valor total do patrimônio possa crescer.

Análise

Segundo Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar encerrou o dia praticamente estável frente ao real, “refletindo um equilíbrio de forças ao longo do pregão”.

“No ambiente externo, o dólar manteve comportamento lateral, com o DXY [índice que mede o valor do dólar em relação a uma cesta de moedas] operando próximo da estabilidade, enquanto os juros dos ‘Treasuries’ [títulos de dívida emitidos pelo governo dos EUA] recuaram após dados mais fracos de atividade, reacendendo o debate em torno de cortes de juros pelo Fed em 2026”, explica.

“No mercado doméstico, o cenário segue favorável ao real, ancorado pela Selic em 15%. No entanto, o fraco desempenho das commodities em mais um dia de queda do petróleo após correção de 4% na semana passada limitou a valorização do real trazendo o câmbio próximo à estabilidade na sessão de hoje.”

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