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    Em disparada, ouro caminha para fechar 2025 com maior alta em 46 anos

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    O ouro, metal precioso e ativo financeiro de alta liquidez, considerado uma das principais reservas de valor e “porto seguro” do mercado global, caminha para encerrar 2025 com a maior valorização registrada em quase 50 anos, desde 1979.

    No acumulado de 2025 até aqui, os contratos futuros do ouro negociados em Nova York avançam quase 71%, segundo dados da divisão de metais da Bolsa de Valores norte-americana.

    Incerteza global fortalece o ouro

    Na última vez que o ouro teve um desempenho tão forte, há 46 anos, os Estados Unidos (então governados por Jimmy Carter, do Partido Democrata) enfrentavam um período de inflação elevada e crise energética.

    Aquele ano também foi marcado por uma intensa agitação no Oriente Médio, com a Revolução Iraniana, a invasão soviética no Afeganistão e um tratado de paz histórico entre Egito e Israel.

    Quase meio século depois, o comércio internacional vive um momento de tensão e forte incerteza, em meio às tarifas impostas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, a praticamente todos os demais países – incluindo a China, segunda maior economia do mundo, o que deflagrou temores acerca de uma guerra comercial.

    O mundo passa por uma fase turbulenta na geopolítica, com a guerra entre Rússia e Ucrânia (que se desenrola há quase quatro anos), a escalada na tensão entre EUA e Venezuela e recentes confrontos entre Israel e Irã. Historicamente, em períodos de incerteza e instabilidade, ativos mais seguros – como o ouro – ganham força.

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    Corte de juros nos EUA também influencia

    Segundo analistas do mercado, a trajetória ascendente da cotação do ouro continua se devendo, em grande parte, à busca dos investidores por ativos mais seguros em meio às incertezas fiscais nos EUA e diante de um mercado de ações superaquecido.

    A alta do metal foi alavancada pelo chamado “comércio da desvalorização”, com investidores procurando segurança em ativos como bitcoin e criptomoedas em geral, ouro e prata, em um movimento de claro afastamento das principais moedas.

    Além disso, investidores se animaram com o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano).

    No início de dezembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) da autoridade monetária dos EUA reduziu os juros em 0,25 ponto percentual pela terceira vez consecutiva. Agora, eles se situam no patamar entre 3,5% e 3,75% ao ano.

    Ativo sem rendimentos, o ouro tende a se sair bem quando o juro está mais baixo.

    Bancos Centrais compram mais ouro

    A disparada do ouro em 2025 também foi influenciada pelas compras do metal feitas por bancos centrais, principalmente o BC da China.

    A autoridade monetária chinesa vem aumentando suas reservas de ouro com o objetivo de diminuir a dependência de ativos norte-americanos, como títulos do Tesouro dos EUA e o próprio dólar.

    Esse movimento se tornou ainda mais evidente após a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022. Com o congelamento de ativos russos determinado por países do Ocidente, governos como o da própria Rússia e da China intensificaram os esforços para reduzir a exposição às decisões de Washington.

    De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, bancos centrais de todo o planeta acumularam mais de mil toneladas de ouro em cada um dos últimos três anos. Na década anterior, esse montante não passava de 400 a 500 toneladas por ano.

    Trajetória ascendente

    No início deste ano, os contratos futuros do ouro eram negociados em torno de US$ 2,6 mil por onça-troy na Bolsa de Nova York. Na quarta-feira (24/12), o metal bateu a marca de US$ 4,5 mil por onça-troy, renovando seu recorde histórico.

    Analistas de bancos como o JPMorgan estimam que a cotação do ouro deve ultrapassar os US$ 5 mil por onça-troy em 2026. A valorização neste ano, de quase 71%, superou o desempenho do índice S&P 500, que avançou 18%.

    Além do ouro, outros metais preciosos também vêm experimentando grande valorização em 2025. Neste ano, os contratos futuros da prata dispararam 146%, enquanto a alta da platina foi de quase 150%, e a do paládio, de 100%.