A Operação Unha e Carne, deflagrada pela Polícia Federal (PF), chegou à segunda fase nesta terça-feira (16/12). Entre os alvos estão o desembargador Macário Ramos Judice Neto, relator do caso de Thiago Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, no TRF-2 — que foi preso — e o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil, foto em destaque), novamente alvo de buscas.
A corporação cumpre um mandado de prisão preventiva contra Judice Neto e dez mandados de busca e apreensão contra Bacellar, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
A operação investiga o vazamento de informações sigilosas que teriam favorecido o Comando Vermelho. Na primeira fase, Bacellar foi preso sob suspeita de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun — a mesma que levou à prisão do deputado estadual TH Joias.
Segundo a PF, Judice Neto vazou informações sobre a operação contra o ex-deputado TH Joias em setembro, segundo mensagens que estariam no aparelho celular de Bacellar, apreendido durante sua prisão.
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Antes de ser preso em uma operação da PF, em setembro, Bacellar teria vazado, por telefone, informações sobre a ação ao deputado. Ele também teria orientado que o parlamentar destruísse provas.
As investigações que levaram TH Joias à cadeia apontaram que ele utilizava seu cargo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para favorecer as ações criminosas da facção Comando Vermelho.
TH teria viabilizado a compra e a venda de drogas, além de fuzis e armas antidrones. Os equipamentos teriam sido destinados ao Complexo do Alemão.
Agora, nesta segunda fase, o deputado e ex-presidente da Alerj voltou a ser alvo de buscas. Ele havia sido solto pelo plenário da Casa e passou a responder em liberdade, mediante o uso de tornozeleira eletrônica.
À época, a ação policial foi deflagrada pela Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ).
Atuação polêmica
Em 2023, Macário Ramos Judice Neto voltou à magistratura e foi promovido a desembargador depois de estar afastado por 17 anos devido à sua atuação polêmica como juiz federal no Espírito Santo. Seu afastamento por quase duas décadas deu-se com base em denúncias do MPF contra ele.
O primeiro afastamento foi determinado pelo TRF-2 em 2005, em uma ação penal que apurava a suposta participação de Macário num esquema de venda de sentenças. É esse desembargador que agora está preso na sede da PF do Rio de Janeiro.
Flávia Judice, mulher de Macário Judice Neto, atuava no gabinete da diretoria-geral da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) até o início do mês passado, quando a investigação que mira o ex-deputado estadual já estava em curso.
