Caminhoneiros de várias regiões do Brasil ensaiam uma greve geral em todo o país, com início marcado para esta quinta-feira (4/12). A possibilidade de uma paralisação da categoria preocupa alguns setores do Distrito Federal, que tiveram grande impacto com a greve ocorrida em 2018.
Um dos setores mais afetados pela greve dos caminhoneiros há sete anos foram os postos de combustíveis, que enfrentaram uma crise de desabastecimento. À época, o reflexo da paralisação da categoria fez com que o preço do produto disparasse. Postos da capital do país chegaram a cobrar R$ 9,99 pelo litro da gasolina.
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O presidente do Sindicato dos Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis), Paulo Tavares, afirmou que, por enquanto, o setor acompanha as informações sobre uma possível nova paralisação de caminhoneiros apenas pela imprensa e que ainda não há elementos concretos para prever o impacto de uma eventual mobilização.
Segundo ele, o fator decisivo para que uma paralisação ganhe força é a participação das grandes distribuidoras e transportadoras, algo que não foi identificado até o momento.
“Não sabemos ainda se vai ter adesão. Se for apenas pequenos revendedores ou pequenos caminhoneiros ou grupos pequenos, talvez não tenha adesão muito grande”, afirmou.
Ele destaca, porém, que o cenário muda completamente se grandes transportadoras aderirem, repetindo o que ocorreu na greve de 2018. “Se entrar as grandes transportadoras, como aconteceu na greve dos caminhoneiros, aí param”, declarou. Apesar disso, o presidente do sindicato afirma não ter visto, até agora, qualquer sinal de organização desse porte.
Para ele, um dos fatores que pode estar freando novos movimentos é o impacto das punições aplicadas na greve anterior. “Não vi agora nenhum movimento disso, até porque da outra vez houve multas pesadas”, declarou.
Outros setores
A reportagem também procurou a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF) que informou que, por ora, não ia se manifestar sobre a possível greve dos caminhoneiros.
Por sua vez, a Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa) disse que não há nenhuma previsão de desabastecimento de hortifruti na capital.
O Metrópoles também acionou a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), que afirmou que não iria se manifestar a respeito do assunto. Já a Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), não retornou o contato da reportagem.
Reivindicações
Organizadores do evento projetam adesão nas cinco regiões do país, com maior foco na região sudeste, no estado de São Paulo. O tamanho do movimento é incerto porque há divergências entre entidades que representam os transportadores de cargas.
Segundo um dos representantes do movimento, Francisco Burgardt, membro do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Ourinhos (Sindicam-SP), o ato acontece seguindo todas as medidas impostas pela lei. Na última segunda-feira (1/12), um ofício foi protocolado junto ao Palácio do Planalto informando o governo sobre a greve.
Entre as reivindicações do setor estão a estabilidade contratual do caminhoneiro, a garantia do cumprimento das leis, a reestruturação do Marco Regulatório do Transporte de Cargas e a aposentadoria especial de 25 anos de trabalho comprovada com recolhimento ou documento fiscal emitido.
A convocação acontece principalmente pelas redes sociais, com o apoio de figuras políticas, como o desembargador aposentado Sebastião Coelho, que ajuda a puxar a convocação.
Ao Metrópoles Burgardt informou que espera que o governo federal ofereça alternativas de melhorias ao setor.
Ainda segundo os organizadores, o movimento deve começar com um pequeno número de caminhões parados e a expectativa é de que vá crescendo gradualmente. A intenção é parar em mais de 40 pontos do país.
Caminhoneiros divergem sobre greve
Ainda não se sabe ao certo qual será o tamanho da adesão à greve. A Cooperativa dos Caminhoneiros Autônomos do Porto de Santos (CCAPS), por exemplo, afirmou ao Metrópoles que não deve aderir ao movimento. Eles justificam dizendo que não houve assembleia ou qualquer reunião para decidir a paralisação entre os representantes dos caminhoneiros.
Já a Associação Catarinense dos Transportadores Rodoviários de Cargas (ACTRC) e outras associações e cooperativas apoiam a greve. O sindicato nacional da categoria afirmou que apoiará qualquer decisão tomada pelos caminhoneiros.
Diante do impasse, é esperado que o movimento tenha uma adesão baixa, apesar do engajamento de parte da categoria.
