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Estudo diz o que comer para evitar doenças cardíacas e colesterol alto

Estudo diz o que comer para evitar doenças cardíacas e colesterol alto

Um novo estudo publicado na revista científica BMC Medicine reforça o papel da alimentação na prevenção das doenças cardiovasculares ao associar o consumo regular de alimentos ricos em polifenóis — como café, frutas vermelhas, azeite de oliva extra-virgem e cacau — a melhores indicadores de saúde do coração ao longo do envelhecimento.

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A pesquisa acompanhou mais de 3.100 adultos do banco de dados britânico TwinsUK por cerca de 11 anos. Os participantes com maior ingestão de polifenóis apresentaram menores escores de risco cardiovascular, níveis mais elevados de HDL, o chamado “colesterol bom”, e uma progressão mais lenta do risco de doenças cardíacas com o passar dos anos.

Foto colorida de estetoscópio, coração humano e remédios - 5 dicas práticas para cuidar da saúde arterial, segundo cardiologistas - MetrópolesProteção cardíaca ocorre por meio da ingestão de polifenóis

Segundo o estudo, os resultados não permitem afirmar uma relação direta de causa e efeito, mas reforçam um padrão consistente: dietas ricas em alimentos de origem vegetal e naturalmente ricos em polifenóis estão associadas a um perfil cardiovascular mais favorável. Um diferencial do estudo foi a análise de metabólitos urinários, considerada mais precisa do que questionários alimentares para medir o consumo real desses compostos.

Para o cardiologista Rafael Domiciano, do Hospital São Luiz Anália Franco, da Rede D’Or, os achados dialogam com o que já se conhece sobre os mecanismos fisiopatológicos das doenças cardiovasculares.

“Os polifenóis exercem efeito cardioprotetor porque atuam diretamente em processos centrais da aterosclerose, como inflamação crônica, estresse oxidativo e disfunção vascular”, explica.

Polifenóis no azeite são compostos antioxidantes e anti-inflamatórios poderosos, que protegem contra doenças crônicas, melhoram a saúde cardiovascular, fortalecem a imunidade, atuam na neuroproteção e melhoram a saúde intestinal

De acordo com o especialista, o consumo regular desses compostos está associado à melhora da função endotelial, a camada interna dos vasos sanguíneos, e ao aumento da biodisponibilidade do óxido nítrico, substância fundamental para a vasodilatação e o controle da pressão arterial. Além disso, os polifenóis ajudam a reduzir a oxidação do LDL-colesterol e modulam mediadores inflamatórios, contribuindo para um perfil lipídico mais saudável.

Embora grande parte das evidências venha de estudos observacionais, o cardiologista destaca que há evidência clínica indireta robusta a partir de ensaios randomizados que avaliaram padrões alimentares ricos em polifenóis, como a dieta mediterrânea.

“Esses estudos demonstraram redução significativa de eventos cardiovasculares maiores, como infarto e AVC, especialmente quando o azeite de oliva extra-virgem é utilizado como principal fonte de gordura”, afirma.

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Frutas vermelhas

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O morango é uma fruta vermelha rica em vitaminas e minerais

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Frutas vermelhas, como morango, amora, uva roxa e açaí, também exercem ação protetora graças aos flavonoides e antioxidantes

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Uva, amora, açaí, pitanga, framboesa, mirtilo e cereja dispõem de antocianinas e resveratrol. Os dois compostos potentes atuam como fortalecedores das defesas antioxidantes do corpo

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Frutas vermelhas (amora, mirtilo, morango): ricas em antocianinas, ajudam a reduzir inflamações

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Frutas vermelhas são riquíssimas em polifenóis, especialmente antocianinas

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Entre os alimentos estudados, o azeite de oliva extra-virgem é o que apresenta o maior nível de evidência científica em termos de proteção cardiovascular. Frutas vermelhas, ricas em antocianinas, estão associadas à melhora da função das artérias e à redução da pressão arterial. O café, quando consumido com moderação, mostra benefício cardiovascular moderado, enquanto o cacau apresenta efeitos mais discretos, porém consistentes, sobre a saúde vascular.

Apesar dos benefícios, o especialista reforça que não existe uma recomendação diária oficial de polifenóis, já que são compostos diversos e com biodisponibilidade variável. Estudos observacionais indicam que uma ingestão entre 800 mg e 1,2 g por dia, exclusivamente por meio de alimentos naturais, está associada a melhores desfechos cardiovasculares.

“Esses compostos não substituem medicamentos como estatinas, nem o controle da pressão ou da glicemia. Eles funcionam como estratégia complementar dentro de um estilo de vida saudável”, ressalta.

Sem açúcar e com moderação, o café pode fazer muito bem para a saúde

Outro ponto importante é que os benefícios não vêm do consumo isolado de um único alimento, como chocolate amargo ou café, mas sim de um padrão alimentar consistente e variado ao longo do tempo.

“O efeito é cumulativo e depende da diversidade de fontes alimentares”, explica Domiciano.

Para a população em geral — especialmente pessoas com hipertensão, histórico familiar de doenças cardiovasculares ou outros fatores de risco — a recomendação é adotar uma alimentação rica em vegetais, frutas, leguminosas, azeite de oliva, café ou chá com moderação, sempre associada à prática de atividade física e acompanhamento médico regular.

O consumo excessivo, no entanto, exige cautela em alguns grupos. Café deve ser moderado em pessoas com arritmias ou ansiedade; chocolate pode não ser adequado para diabéticos ou indivíduos com obesidade; e não há recomendação para o consumo de álcool com finalidade cardioprotetora.

O chocolate, especialmente o amargo e com alto teor de cacau, pode fazer bem para o coração

“Os benefícios estão nos polifenóis das uvas, não no etanol”, reforça o cardiologista.

Em síntese, os polifenóis se consolidam como parte importante de uma estratégia alimentar cardioprotetora, desde que inseridos em um padrão alimentar equilibrado, sustentável e baseado em alimentos naturais — e não em suplementos ou soluções isoladas.

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