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Estudo revela se trabalhar em casa faz bem para a saúde mental

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Estudo revela se trabalhar em casa faz bem para a saúde mental

A popularização do trabalho remoto reacendeu entre cientistas australianos da Universidade de Melbourne uma pergunta essencial: afinal, trabalhar em casa faz bem para a saúde mental ou não?

O estudo, que será publicado na próxima edição da revista Elsevier BV na editoria de ciências sociais e medicina, aponta que sim — mas não da mesma maneira para todos. Os efeitos variam conforme gênero, histórico emocional e até a duração do deslocamento diário.

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Os cientistas analisaram dados de um dos maiores levantamentos longitudinais do país. Criado e conduzido pelo Melbourne Institute, o banco acompanha anualmente, desde 2001, milhares de australianos acima de 15 anos, registrando informações sobre renda, dinâmica familiar, saúde física e mental e condições de trabalho.

Neste estudo, foram avaliados 16 mil trabalhadores ao longo de aproximadamente duas décadas. Os anos de 2020 e 2021 — marcados pela pandemia —  foram excluídos para evitar influências que não fossem o próprio trabalho.

Os pesquisadores compararam períodos presenciais, híbridos e remotos, ajustando o modelo estatístico para descartar interferências de eventos pessoais relevantes.

Benefícios para mulheres de trabalhar em casa

De acordo com o estudo, entre as mulheres, especialmente aquelas que já tinham algum grau de fragilidade emocional, o impacto do trabalho remoto foi bastante positivo. Segundo os autores, a melhora do bem-estar chegou a ser equivalente, estatisticamente, a um aumento de cerca de 15% na renda familiar.

O modelo híbrido  — com a maior parte da semana em casa e alguns dias no escritório — foi o formato mais favorável. A vantagem não se limitou ao fim do deslocamento; envolveu também redução de estresse, maior controle da rotina e equilíbrio entre diferentes responsabilidades.

Homens se beneficiam menos

Para os homens, o home office isoladamente não apresentou impacto significativo na saúde mental. No entanto, diminuir o tempo gasto no deslocamento diário fez diferença, principalmente entre aqueles que já tinham sofrimento psicológico prévio.

O estudo mostrou que acrescentar apenas meia hora ao trajeto era suficiente para reduzir o bem-estar, em magnitude comparável à perda de 2% da renda familiar. Para quem não tinha saúde mental estável, nem o trabalho remoto nem o deslocamento alteraram substancialmente os indicadores.

Os dados reforçam que não existe uma única resposta sobre os efeitos do trabalho remoto. O impacto é influenciado por fatores como rotina doméstica, nível de estresse anterior, demandas profissionais e divisão das responsabilidades.

Para mulheres e pessoas emocionalmente vulneráveis, trabalhar em casa — mesmo que parcialmente — reduziu desgastes e proporcionou melhor qualidade de vida. Em outros casos, o principal benefício foi simplesmente evitar longos deslocamentos.

O estudo reflete a realidade australiana, onde políticas públicas, renda média e dinâmica familiar podem ser diferentes das observadas no Brasil. Ainda assim, oferece pistas úteis para empresas e profissionais que buscam modelos mais saudáveis e flexíveis de trabalho.

Ao final, os pesquisadores concluem que trabalhar em casa pode sim melhorar a saúde mental — mas isso depende de quem está trabalhando, em que condições e com qual nível de apoio.

A flexibilidade aparece como elemento central, capaz de reduzir estresse, equilibrar cargas e tornar o dia a dia mais sustentável. É uma resposta que não cabe em um único modelo, mas que aponta para a importância de políticas de trabalho adaptáveis e individuais.

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