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    Feliz Burnout e Próspero Mindfulness Novo!! (por Felipe Sampaio)

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    Nesses 2.025 anos do nascimento do Filho do Homem, festejemos também os quase 300 anos da Revolução Industrial, com todas as suas comodidades e praticidades. Acontece que nem tudo são flores no Jardim do Éden – ora desfrutamos de maçãs, ora carregamos nossa cruz.

    Para isso, nada melhor do que aproveitar o “food and beverage” de Noel para faxinar as urucubacas do ano velho e espanar qualquer Burnout que tenhamos adquirido na nossa corrida pela paz financeira (muitas vezes associada à vontade de comprar aquilo que nos sorri nos anúncios da TV). Burnout é justamente aquele curto circuito que dá na cabeça quando esquecemos de cuidar do que realmente importa para correr atrás das cenouras que a publicidade e as redes digitais nos oferecem como sonho de felicidade.

    Quando sentimos que sentir aquele cheiro de queimado no juízo, é hora de parar e rever suas necessidades (que geralmente confundimos com nossos desejos). Isso não chega a ser uma anomalia, considerando que o ser humano é um único bicho que tem a capacidade de atribuir valor subjetivo às coisas, além da sua utilidade real – ou mesmo, além da sua inutilidade. Somos capazes de pagar R$200 mil por um relógio, cuja utilidade concreta (ver as horas) é exatamente a mesma de outro que custe um milésimo desse preço.

    Li uma vez, em algum jornal, sobre uma pesquisa na qual um grupo de pessoas que ganhavam salário de US$5 mil vivia feliz da vida entre vizinhos que só ganhavam US$1 mil, enquanto outro grupo que também recebia US$5 mil por mês era infeliz vivendo entre pessoas que ganhavam US$10 mil. Ou seja, a felicidade que buscamos fora de nós é sempre relativa, uma idealização, porque depende mais da nossa sensação em relação aos outros do que da nossa situação objetiva. Significa que nós temos condições de administrar esse desequilíbrio mental que nos tira do eixo.

    Um bom aliado para o ano novo pode ser o Mindfulness (para quem se sente mais seguro com expressões em roupagem técnica, ou embaladas no idioma do Tio Sam). Na verdade, estamos falando de uma atitude de Atenção Plena, ou de Consciência Ampla. A principal prática do Mindfulness é a boa e conhecida meditação. Não tem remédio melhor para o próximo ano do que começar meditando. Mais do que isso, meditar com o propósito de entender nosso contexto de vida, que inclui desde nossa saúde até o papel da humanidade na natureza, passando por nossas relações com as demais pessoas, pelo significado de bem-estar e nossas atividades produtivas.

    Não se trata, naturalmente, de largar o serviço e adotar alguma crença exotérica, acender incensos ou passar o dia ouvindo Enya. É suficiente dar um tempo a si próprio durante alguns minutos diariamente. Sentar-se em algum lugar tranquilo, respirar fundo e pensar em… nada. Quem quiser saber como se faz isso, tem dicas e aulas nas plataformas de busca, redes digitais ou streamings. A ideia vale para qualquer pessoa, desde a base da pirâmide até o andar superior do PIB (uma boa ponte para o ESG?). O importante é sabermos que todos nós precisamos dar um tempo, entendermos para onde estamos indo (e para quê).

    Desse modo, cultivar a atenção plena – seja em inglês, tibetano ou português de Pindorama – é um bom caminho para atravessarmos 2026. Para tomarmos consciência ativa de como nossas ações contribuem para um futuro melhor (ou pior) da humanidade e do planeta.

     

    Felipe Sampaio: Foi Secretário-Executivo substituto no Ministério da Micro e Pequena Empresa; dirigiu a área de estatísticas no Ministério da Justiça; chefiou a assessoria especial do Ministro da Defesa; atuação em grandes empresas, ONGs e programas multilaterais (Banco Mundial, ONU/PNUD, BID e OEA/IICA); cofundador do Centro Soberania e Clima; sócio da Terra Consultoria; foi empreendedor em mineração; presta assessoria à presidência do Ibram.