Fernanda Souza é apaixonada pelo comportamento humano e por reality, como ela mesma gosta de se definir. E foi exatamente nesse clima que, em entrevista exclusiva a este colunista do Metrópoles, a apresentadora falou sobre sua trajetória no sucesso da Netflix, Ilhados com a Sogra, que estreia a terceira temporada nesta quarta-feira (3/11).
“Sempre saio desse projeto muito apaixonada pelo ser humano. Há uns seis anos, dei uma mergulhada para dentro, fui olhar para mim, e descobri o quão importante foi me conhecer. E o quão importante foi acessar as minhas dores, iluminar aquilo com consciência, com acolhimento, levar para a terapia. E entender que aquilo foi um ponto de dor um dia, mas estou trabalhando nisso.”
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E é exatamente nas dores, no caso do programa, nas dores e nos conflitos de cada família que topa participar do experimento, que a trama se constrói. E, no meio do turbilhão emocional que costuma tomar conta do reality, Fernanda admite que vive um equilíbrio curioso: segura o microfone como apresentadora, mas o instinto de mergulhar nas histórias às vezes fala mais alto.
“É um desafio me distanciar quando preciso, mas ao mesmo tempo quero me aproximar. Sou curiosa com pessoas, gosto de gente, gosto de reality. Se não fosse apresentadora, ia ser uma das primeiras a dar play quando estreasse. Me identifico muito com aquele tipo de dinâmica. E tenho profundo respeito por todas as pessoas ali dentro.”
E se tem algo que Fernanda leva a sério no meio dos dramas, é a ideia de que ninguém ali está para bancar juiz da própria família (muito menos ela). O olhar dela, garante, não é o de quem aponta falhas, mas o de quem tenta manter o clima minimamente respirável enquanto o barraco ameaça se instalar.
“Quando você começa a estudar sobre autoconhecimento, você vê que ninguém tem moral para falar nada de ninguém. Nunca entro no papel de julgar aquelas relações, entro como apresentadora para acolher, ter um olhar amigo.”
Histórias que batem
Em meio às confusões familiares do Ilhados com a Sogra, Fernanda Souza também encontra espelhos inesperados. Não é exatamente o tipo de identificação que a faz reviver traumas antigos, mas aquele reconhecimento de quem percebe que certas narrativas atravessam gerações, e que, de um jeito ou de outro, acabam batendo na porta da própria memória.
“Me identifico muito com o filho que fala sobre a falta que a mãe fez na infância, porque ela trabalhou muito [história da Família Lopes no reality]. Não porque eu tenha sentido falta da minha mãe. Até porque, em um determinado momento, quando já tinha 13 anos e a gente foi morar junto, quando fui morar na Argentina.”
E, meio olhando para fora, meio olhando para dentro, Fernanda admite que, às vezes, o reality funciona como um gatilho coletivo. Não importa se a história é do vizinho ou de alguém que você nunca viu: quando bate, bate.
“Essa coisa da mãe estar fora de casa, de você quase não encontrar a sua mãe acordada durante a semana, é pauta de muito brasileiro, de muita mãe. E é impressionante o buraco que isso gera dentro da gente. Porque a gente quer ter pai e mãe junto, a gente quer conviver. E olha como esse programa traz lugares nossos. Ele é feito para tocar pessoas que vão pegar essa dor e reconhecer que sua criança sentiu tanto quanto. Talvez a minha criança tenha sentido também.”
Amor e maratona
Na reta final da conversa, Fernanda Souza entrega que o reality também rende assunto em casa, e com plateia privativa. Desde 2022, ela namora Eduarda Porto, que não apenas acompanha tudo como transforma cada episódio em sessão particular de comentários e voltas estratégicas nas cenas.
“A gente maratona juntas. E ela ainda fica voltando nas cenas que apareço, porque ela quer me ver e fica falando: ‘tá linda, tá maravilhosa, perfeita’. Ainda me faz voltar algumas cenas para ficar me elogiando. Coisa mais linda do mundo. A gente debate o programa.”
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Fernanda Souza com o elenco da terceira tempoarada de Ilhados com a Sogra
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