O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aumentou sua presença no estado de São Paulo buscando ganhar a confiança do empresariado e do mercado financeiro, resistentes ao seu nome para a eleição à Presidência da República em 2026.
O nome preferido desses setores é o do governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos). A resistência ao senador ficou evidente quando a decisão de Jair Bolsonaro (PL) de apoiá-lo veio a público e o dólar disparou, enquanto a Bolsa de Valores desabou.
Flávio agora busca vestir o figurino moderado na tentativa de capturar os grupos que seguem sonhando com uma candidatura do governador à Presidência. Isso inclui passar muito mais tempo em São Paulo, terra da Faria Lima, da Fiesp e governada por Tarcísio.
Em menos de duas semanas, o senador pelo Rio viajou três vezes ao estado paulista. A primeira foi no dia 5/12, já ungido pelo pai, para conversar com o governador sobre a escolha de Jair Bolsonaro.
Na semana seguinte, o senador se encontrou tanto com empresários quanto com integrantes do setor financeiro. Ele voltou ao estado nessa quarta-feira (17/12), para uma reunião na casa família dona da Riachuelo, no Jardim Europa, zona oeste paulistana, com cerca de 40 empresários.
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“Bolsonarista moderado”
Um dos articuladores das incursões de Flávio em terras paulistas é Filipe Sabará, ex-número 2 da Secretaria de Desenvolvimento Social de Tarcísio e também ex-integrante da campanha da Pablo Marçal (PRTB) a prefeito em 2024. Sabará deve organizar novos eventos do tipo em breve para melhorar a interlocução de Flávio com esses setores.
Nessa quarta, o senador compareceu ao encontro fortalecido após pesquisa eleitoral da Genial/Quaest que mostrou seu nome 13 pontos à frente de Tarcísio. Ao final do evento, ele reforçou ser mais moderado que o pai, que está preso.
“Sempre pediram um Bolsonaro mais moderado e eu sempre fui assim. Eu sou esse Bolsonaro mais moderado, equilibrado, centrado e, eu espero que isso reflita, inclusive, na confiança da população que nós vamos apresentar o melhor projeto pro Brasil”, disse.
Empresários que participaram do encontro saíram do almoço dizendo que a candidatura de Flávio “é firme” e que ele quer carimbar em si mesmo a imagem de bolsonarista moderado – uma marca que Tarcísio conseguiu consolidar em meio ao empresariado.
Rejeição e Centrão
O senador também tem argumentado que o estado de São Paulo precisa de Tarcísio, sob o risco de cair nas mãos de Fernando Haddad (PT) se ele não tentar a reeleição. Ele também reforçou amizade com Tarcísio e disse que supostas animosidades divulgadas entre os dois não passam de “fofocas”.
Para seduzir o mercado, Flávio tem prometido anunciar sua equipe econômica assim que a campanha iniciar. No entanto, o problema para a Faria Lima é a alta rejeição carregada pelo sobrenome Bolsonaro. Apesar da pesquisa recente favorável, permanece a percepção de que Tarcísio teria melhores chances de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Além disso, ele também enfrenta resistência do Centrão, que domina a máquina partidária de algumas das principais siglas do país. Os líderes dos partidos afirmam que ele cometeu erro crucial ao anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026, sem discutir previamente sua candidatura com siglas aliadas, como União Brasil e PP.
Flávio, explicam membros do Centrão, inverteu a ordem: primeiro anunciou publicamente que teve a bênção do pai para ser candidato e só depois procurou as siglas para apresentar seu nome.
