Embora as cheias sejam um problema recorrente em São Paulo, em especial no verão, época de chuvas, a verba destinada para a implementação de sistemas de drenagem e combate a enchentes caiu de R$ 314 milhões, em 2025, para R$ 120 milhões no próximo ano, uma diferença de R$ 194 milhões, de acordo com os valores indicados pelo governo paulista no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026.
A redução se dá na esteira dos cortes da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e LogístiRca (Semil), que em valores absolutos é a pasta que teve queda orçamentária mais expressiva: de R$ 10,9 bilhões para R$ 8,7 bilhões. A redução de R$ 2,2 bilhões representa queda de 19,8%.
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O corte na ação de drenagem e combate a enchentes de R$ 194 milhões representa um aporte 61,7% menor para o próximo ano. A verba pode ser complementada com emendas ou suplementação orçamentária no decorrer de 2026.
A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) argumenta que a redução se deve à finalização de obras estruturantes no setor (veja nota abaixo), enquanto a oposição argumenta que o recurso poderia ser reinvestido em novas melhorias no setor.
Fortalecimento da Defesa Civil
Relator da PLOA na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o deputado Alex de Madureira (PL-SP) classifica a redução de verba como “narrativa da oposição” e que o orçamento encampa outras ações contra cheias, como o fortalecimento da Defesa Civil.
Na segunda-feira (1º/12), Tarcísio fez o lançamento do programa “SP Sempre Alerta – Operação Chuvas” no Palácio dos Bandeirantes. Lá, o governador fez o anúncio de R$ 69,5 milhões em investimentos para a Defesa Civil.
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Lançamento da SP Sempre Alerta Operação Chuvas 2025/2026
Paulo Guereta/ Governo de SP/ Divulgação
O governador Tarcísio de Freitas em evento da Operação Chuvas
Paulo Guereta/ Governo de SP/ Divulgação
Tarcísio de Freitas e agentes da Defesa Civil no Palácio dos Bandeirantes
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Tarcísio de Freitas em evento no Palácio dos Bandeirantes
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Lançamento da SP Sempre Alerta Operação Chuvas 2025/2026
Paulo Guereta/ Governo de SP/ Divulgação
Tarcísio de Freitas em evento no Palácio dos Bandeirantes
Paulo Guereta/ Governo de SP/ Divulgação
Entre as inovações apresentadas, está o “Painel de Inteligência SP Sempre Alerta”, que centraliza dados meteorológicos. A tecnologia promete reduzir o tempo de análise e envio de alertas de cerca de 4 minutos para menos de 1 minuto.
“Estamos modernizando nosso parque de radares em parceria com a USP, Unesp e a Unicamp de maneira a melhorar a acurácia de nossas previsões”, disse o governador na ocasião.
O tema é sensível para o governador, que teve como primeiro desafio do mandato a catástrofe climática de São Sebastião. Em 19 de fevereiro de 2023, durante o carnaval, choveu cerca de 680 milímetros em seis horas na cidade do litoral paulista. Sessenta e cinco pessoas morreram nessa ocorrência.
Deputada propõe emenda
A deputada de oposição, Andrea Werner (PSB-SP), propôs uma emenda ao orçamento para manter o investimento com vistas à implementação de sistemas de drenagem e combate a enchentes.
“Não podemos nos contentar com algumas obras apenas sendo concluídas, precisamos da ampliação da atenção e dos recursos destinados ao tema”, disse Andrea. “Propus a emenda para buscar corrigir ainda que minimamente essas distorções”, acrescentou.
Com mais de 31 mil propostas de emenda ao texto, o projeto de lei do orçamento de 2026 deve ser votado até o próximo dia 16/12 na Alesp.
INPE prevê mais chuvas em dez anos
- Estudo publicado em janeiro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) demonstrou um panorama climático para os próximos dez anos nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo.
- A pesquisa, coordenada pelo engenheiro Osmar Pinto Junior, fez as previsões com base em dados de dez anos atrás em períodos de El Niño e La Niña, fenômeno climático que altera a temperatura do Oceano Pacífico e interfere na meteorologia.
- No período da análise, “as tempestades severas foram concentradas nos meses de setembro a abril, tendo ocorrido 20 eventos em São Paulo e 19 no Rio de Janeiro”.
- A previsão, para próxima década, é que tenha um aumento de frequência de tempestades severas de 20% a 30%.
O que diz a Semil
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) justificou que a variação decorre da “conclusão de um ciclo de obras estruturantes de grande porte, que em 2025 concentraram valores elevados. Exemplos como o piscinão de Jaboticabal, que utilizou R$ 120 milhões neste ano, além da canalização do Córrego Antonico e do reservatório Franco Montoro, estão finalizados ou em fase avançada de entrega”.
Afirma que, para 2026, terá início “um novo ciclo de investimentos, com projetos como os piscinões do Córrego Tapera Grande, em Francisco Morato, e duas novas unidades em Mauá e Santo André. Acrescenta que “nesta etapa inicial — marcada por licenciamento ambiental, elaboração de projetos e processos licitatórios — a demanda financeira é naturalmente menor do que na execução física das obras”.
“Os R$ 120 milhões previstos são compatíveis com o estágio das intervenções programadas e com outras ações já estruturadas dentro da mesma ação orçamentária, como obras de macrodrenagem e controle de erosão, a exemplo da contenção do Córrego Pirajuçara, da atualização de planos diretores de macrodrenagem e da manutenção do Polder Guaratinguetá”, diz a pasta.
Ações complementares, segundo a Semil, “como a PPP de R$ 9,5 bilhões para desassoreamento e manutenção contínua dos rios Tietê e Pinheiros, além de projetos regionais desenvolvidos por meio do programa Rios Vivos e de linhas de crédito da Desenvolve SP para municípios”, estão no escopo.
A Semil ressalta ainda que, “se necessário, o orçamento pode ser suplementado ao longo do ano para atender novas demandas, garantindo continuidade e segurança às ações de drenagem e prevenção de enchentes”.
