O hábito de comer rápido demais pode parecer algo natural diante de uma rotina acelerada. Mas esse comportamento, muitas vezes, acaba favorecendo o surgimento de diversos incômodos e problemas de saúde — que vão do desconforto gastrointestinal à compulsão alimentar.
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Em entrevista à coluna Claudia Meireles, a endocrinologista Jacy Maria Alves, especialista em medicina do estilo de vida e comportamento alimentar, explicou como a forma como nos alimentamos influencia diretamente a digestão, a saciedade e até o equilíbrio emocional.
Entenda como o hábito de comer rápido pode trazer prejuízos à saúde
De acordo com a expert, quem se alimenta com pressa tende a engolir ar junto com a comida, o que favorece sintomas como gases, distensão abdominal e sensação de inchaço. O nome técnico desse fenômeno é aerofagia, bastante familiar a quem convive com desconfortos após as refeições.
“Comer depressa pode causar uma série de desconfortos digestivos. A ingestão acelerada faz com que engulamos ar junto com os alimentos — um fenômeno chamado aerofagia — que provoca distensão abdominal e aumento da produção de gases”, explica Jacy Maria Alves.

Além disso, a médica ressalta que o estômago também passa por uma sobrecarga. “O órgão precisa lidar com um volume maior de alimento em pouco tempo, o que aumenta a pressão interna e pode desencadear refluxo, arrotos e sensação de peso. Pessoas com maior sensibilidade abdominal, como aquelas com síndrome do intestino irritável, tendem a sentir esses efeitos com mais intensidade”, alerta.
Outro ponto destacado por Jacy é a mastigação, hábito que, frequentemente, é ignorado por quem come com pressa. “É importante lembrar que a digestão começa pela boca, e quando essa etapa é negligenciada, o restante do processo fica comprometido. O alimento chega mal processado ao estômago, o que dificulta a digestão e contribui para a sensação de empachamento”, afirma.
Saciedade e humor
Por outro lado, a expert garante que mastigar com calma permite que o corpo reconheça os sinais de saciedade com mais clareza, o que evita excessos. Segundo ela, isso acontece porque o cérebro precisa de um tempo para registrar o quanto foi ingerido.

“Mastigar lentamente ajuda a regular a fome, aumenta a sensação de saciedade e ainda favorece uma relação mais equilibrada com a comida”, explica a endocrinologista.
A maneira como comemos também pode influenciar o estado emocional. “Estudos apontam uma ligação entre alimentação apressada e sintomas como ansiedade, impulsividade e até quadros depressivos. Comer rápido pode ser tanto reflexo quanto causa de desequilíbrios emocionais”, pontua.
Estratégias eficazes
Para conseguir deixar de lado o mau hábito, Jacy recomenda algumas práticas simples para tornar as refeições mais conscientes. Entre elas, aumentar o número de mastigações por garfada, saborear conscientemente os alimentos, evitar distrações — como as telas — e buscar ambientes tranquilos sempre que possível.

O número recomendado de mastigações é cerca de 30 a 40 mastigações por garfada. Estudos clínicos mostram que mastigar cada porção de alimento aproximadamente 40 vezes aumenta a liberação de hormônios de saciedade, reduz a fome e o desejo de comer”, garante Jacy Maria Alves.
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