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Hugo Motta, o primeiro presidente pato manco da história da Câmara

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Hugo Motta, o primeiro presidente pato manco da história da Câmara

A política é o habitat natural de Hugo Motta, criado por pais e avós políticos da cidade de Patos, no interior da Paraíba – todos eles, por sinal, denunciados em algum momento por desvio de dinheiro público e abusos cometidos no exercício de cargos. Todos.

Mas nem por isso ele estava apto a assumir a presidência da Câmara quando o fez em fevereiro último por obra e graça do seu antecessor, o alagoano Arthur Lira. Apoiado por 17 partidos, Motta se elegeu com 444 votos de um total possível de 513.

Em seu primeiro discurso após ser eleito, ele fez uma defesa enfática da democracia e repetiu o gesto de Ulysses Guimarães na promulgação da Constituição de 1988 de levantar um exemplar do texto e dizer que tinha “nojo da ditadura”.

Segundo Motta, “o povo brasileiro não quer discórdia, quer emprego; não quer luta pelo poder, mas que os poderes lutem por ele”, acrescentando:

– Tenho certeza de que o passado é um caminho sem volta, termina na destruição da política, no colapso da democracia. Estaremos sempre com a democracia. E seus inimigos encontraram no Legislativo uma barreira como sempre encontraram na história.

Palavras ao vento. Era terra demais para o caminhãozinho de Motta.

Dez meses depois, Motta será obrigado a engolir a decisão de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, que anulou a sessão presidida por ele onde a Câmara manteve o mandato da deputada Carla Zambelli.

“Trata-se de ATO NULO, por evidente inconstitucionalidade, presentes tanto o desrespeito aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade, quanto flagrante desvio de finalidade”, decretou Moraes, para vergonha de Motta. A não ser…

A não ser que Motta seja incapaz de se envergonhar por ter sido flagrado desrespeitando a Constituição. Zambelli foi condenada duas vezes pelo Supremo e sua sentença transitou em julgado. Fugiu para a Itália, onde está presa. Deverá ser extraditada.

Foi o Supremo que cassou seu mandato. A Motta, só restava informar seus pares a respeito e dar posse ao suplente de Zambelli. Mas não foi o que ele fez, submetendo a decisão do Supremo ao escrutínio dos seus supostos comandados. Deu no que se viu.

E agora, Motta? Você tem 48 horas para empossar o novo deputado. Vai encarar novamente o Supremo? Vai novamente violar a Constituição que jurou cumprir? Vai se arriscar à abertura de um processo de impeachment contra você?

Seus familiares políticos escaparam das punições a que estavam sujeitos. Você acredita que terá a mesma sorte? Mesmo se rendendo à Justiça, você virou um presidente da Câmara pato manco (nada a ver com Patos). Talvez o primeiro da história.

 

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