Nos últimos anos, o discurso sobre inclusão esteve em constante ascensão. Essa bandeira passou a ser levantada por diferentes grupos e não foi diferente na moda. Questões como a inserção de corpos de diferentes etnias e com modelagens distintas do padrão tradicional aparecem cada vez mais no debate sobre representatividade na moda. Junto com isso, o debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) tem aumentado, levando marcas e eventos a investirem cada vez mais nesse público.
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A modelo Shaholly Ayers tem uma amputação congênita e foi uma das escolhidas para desfilar para a marca de lingerie Savage X Fenty no ano de 2021
Seja como consumidores, modelos, designers ou personalidades influentes da área, marcas como Victoria’s Secret e Skims já começaram a produzir peças focadas em clientes com deficiência, enquanto algumas semanas de moda passaram a incluir tanto modelos PCDs quanto a receber ONGs que lutam pelos direitos das pessoas com deficiência.
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Mesmo com desafios, o Bussiness Research mostrou que o mercado de moda adaptativa tende a aumentar ao longo dos anos, com a América do Norte sendo o maior participante desse mercado. Em 2024, esse segmento movimentou cerca de US$ 280 milhões. A expectativa é que esse valor suba para US$ 350 milhões em 2033.
Inclusão nas marcas de lingerie
Em 2023, a marca Victoria’s Secret firmou uma parceria com a GAMUT Management, uma empresa de consultoria e gestão de talentos que trabalha exclusivamente com e para pessoas com deficiência. Através dessa colaboração, lançaram a linha VS e Pink Adaptive, focada em peças íntimas para mulheres com deficiências.
Os diferenciais dessa linha são os fechos magnéticos dos sutiãs e das partes de baixo e o ajuste frontal das alças para facilitar a colocada e retirada das peças, além da produção com tecidos hipoalergênicos, para garantir maior conforto.
Para esse projeto, as peças receberam o selo de aprovação GAMUT, tornando a Victoria’s Secret a primeira marca de lingerie a conquistar essa certificação.
Além da Victoria’s Secret, a marca Skims, da empresária e socialite Kim Kardashian, inseriu em seu catálogo peças adaptativas. Na linha já existente Fits Everybody, a marca adicionou tops e calcinhas com fechos magnéticos, além de produzir as peças com tecidos mais macios.
Semanas de moda pioneiras na inclusão
Em 2025, as semanas de moda de Londres e Copenhagen se mostraram pioneiras na inclusão de pessoas com deficiências, colocando-as não apenas no papel de espectadores, mas também como modelos das marcas.
Ambos os eventos contaram com a participação da organização beneficente Hair & Care, fundada em 2019 pela cabelereira britânica Anna Cofone. A instituição ajuda mulheres cegas e com baixa visão a cuidarem de seus cabelos, além de se fazer presente em diversas semanas de moda pelo mundo.
Nos eventos, a organização foi responsável pelo desenvolvimento de audiodescrição para o público com deficiência visual. Além disso, ela também apoiou a modelo cega e criadora de conteúdo Lucy Edwards a desfilar para britânica Sinead O’Dwyer.
A Hair & Care também levou convidados de algumas das principais instituições de caridade para pessoas com deficiência visual do Reino Unido para a primeira fila dos desfiles durante a Semana de Moda de Londres.
Além disso, a organização fez parceria com estilistas em ascensão para tornar seus desfiles mais acessíveis para as pessoas cegas e com baixa visão. Com o nome de Making Fashion Accessible, a instituição realizou visitas guiadas às coleções nos estúdios dos estilistas.
A modelo cega Lucy Edwards durante a visita guiada ao estúdio do estilista Chet Lo, durante a Londres Fashion Week de 2025
