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    Inimigo oculto: sargento do Bope é peso por vazar operação para facção

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    A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta segunda-feira (8/12), dois sargentos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, um deles lotado no Batalhão de Operações Especiais (Bope), sob suspeita de integrar um núcleo que vazava informações sigilosas para uma das maiores facções do estado.

    A ação faz parte da Operação Tredo, deflagrada simultaneamente no Rio e em Mesquita, na Baixada Fluminense.

    Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de prisão temporária e seis de busca e apreensão, expedidos pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa. A ofensiva teve apoio do próprio Bope e da Corregedoria da PMERJ.

    Militares infiltrados

    As investigações apontam que policiais militares repassavam, em tempo real, data, horário, alvo e rota de operações policiais planejadas para áreas dominadas pela facção.

    Com as informações antecipadas, criminosos reorganizavam barricadas, retiravam armamentos pesados, escondiam drogas e, em alguns casos, montavam emboscadas contra agentes.

    Um dos presos, sargento do BOPE, era responsável pela escalação das equipes que participam das incursões, posição que lhe dava acesso privilegiado às operações mais sensíveis da corporação.

    Segundo a PF, esse posto estratégico permitia que ele avisasse chefes da facção com antecedência, comprometendo a atuação de diversas forças de segurança no Rio.

    Origem da investigação

    O caso começou a ser desvendado após o compartilhamento de informações da Operação Buzz Bomb, que investigava um militar da Marinha envolvido no fornecimento de drones e no treinamento de criminosos.

    Ao cruzar os dados, a PF identificou o fluxo de mensagens e movimentações incompatíveis dentro da estrutura do Estado.

    Um dos alvos da Operação Tredo já havia sido preso na Operação Contenção, deflagrada em novembro, que também mirou o braço logístico da mesma facção.

    Apreensões

    Até a última atualização da reportagem, foram apreendidos três veículos, celulares e materiais que podem detalhar como os militares se infiltraram e por quanto tempo atuaram a serviço da facção.

    A PF tenta identificar outros agentes públicos cooptados pela organização criminosa.

    Os investigados poderão responder por organização criminosa armada,
    corrupção passiva e ativa, homicídio, tráfico de drogas, porte ilegal de arma, e violação de sigilo funcional.

    “Tredo”

    “Tredo” significa traidor, alguém que rompe a confiança e age com falsidade — definição usada pela PF para simbolizar o papel dos militares infiltrados.

    A ação integra a Missão Redentor 2, que visa desarticular facções fluminenses seguindo diretrizes da ADPF 635, do Supremo Tribunal Federal.