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    Justiça Militar da União quer conduzir caso de soldado feminicida

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    A Justiça Militar da União (JMU) requereu, nesse sábado (6/12), a condução do caso do soldado do Exército Kelvin Barros da Silva, 21 anos, que confessou ter matado a cabo da mesma instituição Maria de Lourdes Freire Matos, 25.

    De acordo com com a JMU, por se tratar de crime cometido por militar contra militar, em local sujeito à administração do Exército, o caso deve ser transferido para a Justiça Militar.

    O juiz determinou a inclusão do mandado no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões e comunicou o Tribunal do Júri do Distrito Federal sobre a competência da Justiça Militar da União para conduzir o caso.

    O Metrópoles entrou em contato com o Tribunal de Justiça (TJDFT) e aguarda retorno. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

    O crime

    Maria de Lourdes era cabo do Exército, tendo ingressado há cinco meses para a vaga de musicista. Ela foi encontrada morta por militares do Corpo de Bombeiros (CBMDF).

    O feminicídio ocorreu no 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (RCG). Em depoimento à Polícia Civil (PCDF), Barros confessou a autoria e disse que o crime ocorreu após uma discussão entre os dois.

    Segundo Barros, eles tinham um relacionamento. “Após uma discussão, em que a mulher teria exigido que ele terminasse com a atual namorada e a assumisse, conforme havia sido prometido pelo autor, a vítima teria sacado sua arma de fogo”, comentou o delegado Paulo Noritika.

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    “Ele teria segurado a pistola enquanto ela tentava municiá-la. Enquanto isso, ele conseguiu alcançar a faca militar da vítima, que estava em sua cintura, e a atingiu, profundamente, na região do pescoço”, detalhou o delegado.

    Noritika afirmou ainda que a vítima foi encontrada com a arma branca no local da lesão. “Depois disso, no desespero, ele pegou um isqueiro e álcool, incendiando o local onde está sediada a fanfarra e fugiu do local, levando a pistola consigo e se desfazendo dela”, disse. O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar as chamas.

    Justiça Militar da União quer conduzir caso de soldado feminicida - destaque galeria5 imagensA vítima foi identificada como Maria de Lourdes Freire, 25 anosKelvin Barros é soldado do ExércitoEle também faz parte do 1º Regimento de Cavalaria de GuardasMaria de Lourdes Freire MatosFechar modal.MetrópolesKelvin Barros da Silva, 211 de 5

    Kelvin Barros da Silva, 21

    A vítima foi identificada como Maria de Lourdes Freire, 25 anos2 de 5

    A vítima foi identificada como Maria de Lourdes Freire, 25 anos

    Imagem obtida pelo MetrópolesKelvin Barros é soldado do Exército3 de 5

    Kelvin Barros é soldado do Exército

    ReproduçãoEle também faz parte do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas4 de 5

    Ele também faz parte do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas

    Maria de Lourdes Freire Matos5 de 5

    Maria de Lourdes Freire Matos

    1º RCG/Divulgação

    Contestação

    A defesa da família da cabo nega que houvesse qualquer relacionamento da vítima com o seu assassino. “É falso que Maria mantivesse qualquer relação com o agressor”, disse o escritório que faz a defesa da família da vítima em nota divulgada nas redes sociais.

    A família acredita que o fato de Maria ser cabo e ter uma posição hierárquica superior a Kelvin, que era soldado, possa ter motivado o crime.

    “Esse contexto aponta para o não aceite da autoridade feminina. Maria foi atraída, esfaqueada, e incendiada no local, em um contexto de violência extrema dirigida à sua condição de mulher”, ressaltou a defesa da família da vítima. A jovem de 25 anos foi descrita como discreta, séria e focada nos estudos.

    Kelvin Barros da Silva teve a sua prisão em flagrante convertida em preventiva, nesse sábado (6/12), após passar por audiência de custódia no Núcleo de Audiências de Custódia (NAC).

    Expulso do Exército

    O militar que confessou ter matado a cabo Maria de Lourdes Freire Matos, na sexta-feira (5/12), será expulso do Exército.

    Em nota enviada ao Metrópoles, o Exército disse que o soldado foi conduzido, de imediato, à prisão do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, onde permanece preso, “respondendo a processo criminal, devendo ser excluído das fileiras da Força e responsabilizado pelo ato cometido”.

    “O Exército Brasileiro presta total apoio à família e lamenta profundamente a perda da cabo e reitera a sua posição de não coadunar com atos criminosos e punir com rigor os responsáveis”, afirmou a nota.

    Ainda segundo o texto, foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM). “As investigações iniciaram de pronto, com a realização das perícias no local pela Polícia do Exército, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e, ainda, outros levantamentos que levaram à prisão do suspeito de ter cometido o crime”, informou o Exército.