O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, neste sábado (20/12), que é necessária “vontade política e coragem” de líderes europeus para finalizar o acordo comercial com o Mercosul, que está em negociação há mais de duas décadas. A intenção do governo brasileiro era de formalizar o pacto durante a reunião de Cúpula dos líderes sul-americanos neste fim de semana, mas a União Europeia decidiu adiá-lo mais uma vez.
“Tínhamos, em nossas mãos, a oportunidade de transmitir ao mundo mensagem importante em defesa do multilateralismo e de fortalecer nossa posição estratégica em um cenário global cada vez mais competitivo. Mas, infelizmente, a Europa ainda não se decidiu. Líderes europeus pediram mais tempo para discutir medidas adicionais de proteção agrícola”, disse o petista em discurso na abertura da 67ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR).
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Ele afirmou que recebeu uma carta dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, na qual os dois manifestam a expectativa de fechar o acordo em janeiro. O pacto prevê a criação de uma ampla zona de livre comércio entre países dos dois blocos. No entanto, algumas nações europeias resistem ao tratado por conta de pressões do agronegócio.
“Sem vontade política e coragem dos dirigentes não será possível concluir uma negociação que já se arrasta por 26 anos”, frisou Lula.
Segurança pública
Durante o discurso, o titular do Executivo também falou sobre a tensão na Venezuela e a colaboração entre os países sul-americanos no tema da segurança pública. O presidente brasileiro criticou a presença militar dos Estados Unidos (EUA) na região. Ele ainda rechaçou ameaças à democracia, citando o julgamento da trama golpista.
“A democracia brasileira sobreviveu ao mais duro atentado sofrido desde o fim da ditadura. Os culpados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 foram investigados, julgados e condenados conforme o devido processo legal. Pela primeira vez na sua história, o Brasil acertou as contas com o passado”, discursou o petista.
No âmbito do combate ao crime organizado, Lula sugeriu a convocação de uma reunião de ministros da Justiça e de Segurança Pública de países da região para discutir formas de colaboração no tema. Ele também propôs ao Paraguai, que assumirá a presidência do Mercosul neste sábado, a criação pacto pelo fim do feminicídio e da violência contra as mulheres.
“A América Latina também ostenta o triste recorde de ser a região mais letal do mundo para as mulheres. Segundo a CEPAL, 11 mulheres latino-americanas são assassinadas diariamente. Enviei, ontem, para a ratificação do Congresso Nacional, acordo que permitirá que mulheres beneficiadas por medidas protetivas em um país do bloco tenham a mesma proteção nos demais países”, destacou.
