O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (9/12), que pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apoio para prender “um dos grandes chefes do crime organizado brasileiro” e “maior devedor do país”, em referência ao empresário Ricardo Magro, dono da Refit e alvo de uma das maiores operações de combate à sonegação no setor de combustíveis.
“Eu liguei para o presidente Trump dizendo que, se quiser enfrentar o crime organizado, nós estamos à disposição. Mandei no mesmo dia a proposta do que queremos fazer. Disse que um grande chefe do crime organizado, maior devedor deste país, portador de combustível fóssil, mora em Miami. Então, se quiser ajudar, vamos ajudar prendendo logo esse, porque a Receita Federal pegou cinco navios dele aqui”, afirmou.
A declaração de Lula ocorreu durante o evento que formalizou a mudança de regras para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo o presidente, a busca por cooperação internacional tem sido prioridade.
Lula já havia citado indiretamente o empresário em ocasião recente, ao afirmar que “o maior traficante de combustível do Brasil mora em Miami” e que pediu ao líder norte-americano para “começar pegando os brasileiros que estão aí”.
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Trump Lula se reuniram para debater redução de tarifas
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Os presidentes dos EUA e do Brasil, Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva
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Donald Trump e Lula
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A conversa entre Lula e Trump ocorreu no dia 2 de dezembro. Ambos classificaram o telefonema como positivo e disseram ver espaço para “bons acordos” no futuro.
O Planalto informou que o presidente brasileiro destacou ao republicano operações recentes de asfixia financeira de organizações criminosas, apresentadas como alternativas ao confronto armado.
No discurso desta terça, o petista voltou a defender ações de inteligência para enfrentar o crime organizado e pediu a aprovação da PEC da Segurança Pública, afirmando que a proposta combate o que chamou de “o problema mais grave do Brasil hoje”.
Grupo Refit foi alvo da Operação Carbono Oculto
- Ricardo Magro nega irregularidades e afirma que mantém divergências tributárias ainda em discussão com o Fisco.
- O Grupo Refit foi alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto com 1,4 mil agentes — a maior ação de combate ao crime organizado já realizada no país. A operação apontou indícios de sonegação bilionária e relações com facções criminosas.
- A declaração de Lula ocorre em meio à discussão do projeto do “devedor contumaz”, que deve ir à votação no Congresso Nacional e prevê punições para quem reiteradamente deixa de pagar tributos.
- O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que setores estratégicos, como combustíveis, fumo e bebidas concentram empresas que burlam de forma sistemática a arrecadação.
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Cooperação com o governo norte-americano
Além da articulação no Congresso, o governo Lula busca ampliar a cooperação com os Estados Unidos no enfrentamento ao crime financeiro transnacional.
Haddad se reuniu na última semana com o representante diplomático norte-americano Gabriel Escobar e afirmou que Washington demonstrou interesse no acordo.
Um dos focos da parceria é o combate à lavagem de dinheiro via Delaware, estado que, segundo o ministro, é usado para movimentar recursos ilícitos ligados ao setor de combustíveis.
