Líderes de seus respectivos campos políticos, Lula e Jair Bolsonaro parecem ter tomado consciência de que não precisam agradar aos partidos do Centrão para ter vantagem eleitoral em 2026.
Nas últimas semanas, de forma quase sincronizada, a dupla deu uma “banana” para alguns dos principais caciques políticos do bloco e tomou decisões que vão na contramão da vontade do grupo.



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Jair Bolsonaro
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O senador Flávio Bolsonaro (PL) visita o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
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Bolsonaro, preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro, jogou um balde de água fria no Centrão ao indicar o filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como candidato à Presidência.
A decisão desagradou os presidentes do PP, Ciro Nogueira; do PSD, Gilberto Kassab; do Republicanos, Marcos Pereira; e do PSDB, Aécio Neves, que queriam o governador Tarcísio de Freitas como candidato.
Apesar de esperança de caciques do Centrão de que Bolsonaro recue da ideia, bolsonaristas dizem que a decisão de lançar Flávio é irreversível, pois o ex-presidente prefere ver seu sobrenome na disputa.
A guerra de Lula com o Centrão
Já Lula abriu guerra com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), ao indicar o titular da AGU, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
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O mesmo aconteceu com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), alvo de fortes críticas do governo após ter pautado, de surpresa, a cassação do deputado Glauber Braga (PSol-RJ) e o PL da Dosimetria.
Entre petistas, a avaliação é de que há poucos temas de interesse do governo que precisam ser votados no plenário até as eleições — e que não adianta Lula fazer gestos ao Centrão, pois eles não apoiarão a reeleição do petista.
Aliados lembram que, em 2022, Lula não teve o apoio de nenhum partido do Centrão de forma nacional e, mesmo assim, conseguiu derrotar Bolsonaro. No final, foi procurado para compor por quase todas as legendas de centro.
A tendência, dizem aliados de Lula, é de que o embate aumente. O petista promete insistir em pautas que não contam com apoio do Centrão, como a PEC que acaba com a escala 6×1 e a tarifa zero no transporte público.
Caso essas pautas não andem, Lula não hesitará em criticar seus adversários.

