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Mercosul vira palco de racha entre Lula e Milei sobre EUA x Venezuela

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Mercosul vira palco de racha entre Lula e Milei sobre EUA x Venezuela

A divergência sobre o cerco militar dos Estados Unidos contra a Venezuela marcou a abertura da 67ª Cúpula do Mercosul no sábado (20/12), quando discursos consecutivos do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do argentino, Javier Milei, mostraram a distância entre Brasil e Argentina sobre os caminhos para lidar com a crise no país vizinho.

Anfitrião do encontro realizado em Foz do Iguaçu, Lula criticou a presença militar dos norte-americanos no entorno da Venezuela e alertou que uma eventual intervenção armada representaria uma “catástrofe humanitária” para o hemisfério.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados”, afirmou o presidente brasileiro durante a abertura da cúpula.

Na avaliação de Lula, uma ação militar contra a Venezuela abriria um precedente perigoso e aprofundaria a instabilidade regional. “Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, disse.

As declarações de Lula fazem referência direta à escalada militar promovida pelo governo de Donald Trump, que desde agosto ampliou o cerco militar na América Latina e no Caribe sob a justificativa de combater o tráfico de drogas, com o posicionamento de navios de guerra no Mar do Caribe e bombardeio a embarcações.

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Lula e Milei se cumprimentam na chegada do presidente argentino ao G20

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Milei e Lula

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Kevin Dietsch/Getty Images4 de 6

Trump e Lula construíram relação

Ricardo Stuckert/PR5 de 6

Chip Somodevilla/Getty Images6 de 6

Donald Trump e Lula

Andrew Harnik/Getty Images

 

O que está acontecendo

Milei rebate

Em sua fala, o argentino chamou Maduro de “narcoterrorista” e classificou o regime venezuelano como uma “ditadura atroz e inumana”.

“A Argentina acolhe com satisfação a pressão dos Estados Unidos e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo da timidez nesta questão já passou”, afirmou.

A declaração de Milei, um dos principais representantes da extrema-direita no cenário internacional e um dos aliados mais próximos de Trump na América do Sul, evidenciou a falta de convergência entre os dois principais sócios do Mercosul sobre como lidar com a crise venezuelana e o papel das potências extrarregionais no continente.

Enquanto Lula tem defendido o diálogo como forma de evitar uma escalada do conflito, o presidente argentino sustenta que a pressão externa é necessária para forçar mudanças no regime de Maduro. A divergência ocorre em um momento sensível para a diplomacia brasileira, que busca se reaproximar dos Estados Unidos após sanções impostas a autoridades brasileiras e sobretaxas aplicadas a produtos do país.

No início de dezembro, Lula conversou por telefone tanto com Trump quanto com Maduro. Segundo o presidente brasileiro, a ligação com o líder venezuelano durou cerca de 40 minutos e teve como objetivo entender de que forma o Brasil poderia contribuir para uma saída diplomática da crise. Lula relatou ter pedido a Maduro que deixasse claro qual tipo de apoio espera do Brasil.

Em conversa posterior com Trump, o presidente brasileiro afirmou ter colocado o país à disposição para ajudar em uma negociação, desde que haja disposição para o diálogo.

“Isso que eu disse a Trump: ‘Se você tiver interesse de conversar com a Venezuela corretamente, nós temos como contribuir. Agora, é preciso ter vontade de conversar, ter paciência. Assim, o Brasil tem se posicionado’”, relatou Lula.

Ainda na semana passada, o petista disse que pode voltar a falar com o presidente norte-americano antes do Natal para discutir possibilidades de mediação e evitar um confronto armado.

“Eu estou pensando em, antes de chegar o Natal, eu possivelmente tenha que conversar com o presidente Trump outra vez, para saber o que é possível o Brasil contribuir para que a gente tenha um acordo diplomático e não uma guerra fratricida”, disse o petista.

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