Por trás da briga pública no Ceará, disputa revela o choque entre o pragmatismo eleitoral dos filhos e a “purismo” ideológico da ex-primeira-dama.
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro em novembro de 2025, condenado a mais de 27 anos por tentativa de golpe de Estado, não apenas retirou o principal líder da direita do tabuleiro, mas detonou uma guerra sucessória aberta.
Enquanto o ex-presidente cumpre pena na Polícia Federal, Michelle Bolsonaro emergiu não como mera apoiadora, mas como uma força autônoma que colide frontalmente com os interesses dos enteados — Flávio, Carlos e Eduardo.
O episódio crucial ocorreu no Ceará, onde Michelle vetou publicamente uma aliança do PL com Ciro Gomes. O que não é dito explicitamente, mas circula nos bastidores de Brasília, é que essa aliança era uma estratégia pragmática desenhada por Valdemar Costa Neto e avalizada pelos filhos do ex-presidente para garantir palanques fortes no Nordeste em 2026.
Ao classificar o acordo como traição — relembrando que Ciro chamou Bolsonaro de “ladrão de galinhas” no caso das joias —, Michelle impôs uma agenda moral sobre a estratégia política. O recuo forçado de Flávio Bolsonaro, que teve de pedir desculpas após tentar desautorizá-la, sinaliza uma mudança de hierarquia: o “capital religioso” e a popularidade de Michelle hoje rivalizam com o mandato dos filhos.
O racha familiar pode custar caro, sim. Mas é fato também que a política não é nada estranha a Michelle, que sempre teve ascendência sobre Bolsonaro. Não é ingênua e tem potencial.
Entenda o que aconteceu e qual o cenário agora:
