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    Modo férias ativado! Saiba se desligar do trabalho e voltar renovado

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    Com a proximidade do recesso, cresce o desafio de realmente descansar. Especialistas alertam que a hiperconectividade — além da culpa por estar fora do escritório — pode sabotar o período de férias e comprometer o bem-estar e a produtividade no retorno.

    Aquela checagem rápida de e-mails, a espiada no grupo de trabalho ou a “última olhada” no sistema mantêm o cérebro em estado de alerta. O problema é que não se desligar por completo anula o efeito regenerativo do descanso.

    “O descanso não é apenas um direito legal, é uma necessidade biológica e cognitiva. O cérebro precisa de um reset para consolidar memórias, reduzir o cortisol [nome dado ao hormônio do estresse] e restaurar a criatividade”, explica a psicóloga e doutora em Administração Renata Livramento.

    Segundo a especialista, muitos profissionais chegam às férias já exaustos, e levam a exaustão na bagagem. A mente segue monitorando crises imaginárias, o que impede a recuperação real.

    Tente encerrar projetos e tarefas importantes nas semanas anteriores para não levar trabalho na mente

    Os impactos de não se desligar do trabalho nas férias

    • Aumento dos níveis de estresse e do risco de burnout, com elevação do cortisol;
    • Redução do bem-estar emocional e maior irritabilidade;
    • Queda da criatividade, do foco e da flexibilidade cognitiva;
    • Retorno ao trabalho com a mesma sensação de esgotamento;
    • Diminuição da produtividade a médio e longo prazo.

    Estudos em psicologia organizacional mostram que o descanso efetivo vai além da pausa física: ele permite que o cérebro se recupere do estresse crônico, fortaleça a regulação emocional e retome a capacidade de concentração e tomada de decisão.

    Pesquisas recentes indicam que os efeitos positivos das férias podem durar em média até seis semanas após o retorno, especialmente quando o profissional consegue se desligar de fato das demandas do trabalho.

    Um dos principais obstáculos é a cultura da indispensabilidade. A crença de que “o trabalho vai parar sem mim” ou que “só eu sei fazer” é, segundo Renata, uma armadilha.

    “Essa sensação de ser insubstituível é um sinal de falha na gestão. Organizações saudáveis têm processos que permitem a ausência planejada de qualquer colaborador. Quando não há delegação nem limites claros, o profissional volta das férias tão cansado quanto saiu”, alerta.

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    Como se preparar para desconectar sem culpa

    Para que o descanso cumpra seu papel, a psicóloga recomenda encarar a preparação para as férias como um projeto de gestão:

    • Planejar com antecedência, sem deixar tudo para a última semana
    • Mapear tarefas críticas e definir responsáveis de backup
    • Criar uma matriz de emergência, separando o que é realmente urgente do que pode esperar
    • Comunicar a ausência de forma clara a clientes e colegas, alinhando expectativas

    “Se você se organiza para não ser acionado, você não será acionado”, resume Renata.

    Defina limites: não se sinta obrigado a responder mensagens ou participar de reuniões remotas; isso é estar de plantão

    Redefinindo o ritmo durante as férias

    Para maximizar os benefícios do descanso, especialistas recomendam reduzir o tempo de tela e investir em experiências que estimulem a presença no aqui e agora. Atividades como caminhar ao ar livre, cozinhar, ler um livro físico ou conhecer lugares novos ajudam o cérebro a sair do modo automático e favorecem estados de relaxamento e atenção plena.

    Outro ponto-chave é o movimento. Pesquisas mostram que atividades físicas leves ou moderadas — como trilhas, natação, passeios de bicicleta ou longas caminhadas — estão fortemente associadas à melhora do humor e da sensação de bem-estar durante as férias. O contato social também conta: compartilhar experiências com pessoas que trazem energia positiva fortalece vínculos e amplia a sensação de apoio emocional.

    “A novidade estimula o cérebro e aumenta a flexibilidade cognitiva. Quando a mente é exposta a novos ambientes e experiências, ela processa desafios de forma mais criativa e eficiente”, explica Renata Livramento.

    E quando for a hora de voltar ao trabalho?

    O retorno ao trabalho também exige cuidado. Especialistas alertam que marcar reuniões estratégicas logo no primeiro dia pode comprometer o efeito restaurador das férias. O ideal é planejar uma volta gradual, reservando as primeiras horas para organizar a caixa de entrada, se atualizar sobre os acontecimentos e retomar o ritmo com calma.

    Evitar decisões complexas nesse período e não tentar compensar os dias de descanso com jornadas extenuantes ajuda a prolongar o chamado “efeito pós-férias”, período em que o profissional se sente mais motivado, focado e emocionalmente equilibrado.

    Faça atividades que você ama e não tem tempo: leia, pratique esportes, caminhe, explore a natureza

    Estas são, segundo a expert, perguntas recorrentes de quem deseja descansar nas férias, mas não consegue

    1. Por que é tão difícil se desligar do trabalho nas férias?
    Porque o cérebro permanece condicionado ao estado de alerta constante. A cultura da hiperconectividade, somada à sensação de indispensabilidade e à culpa, mantém o profissional mentalmente vinculado ao trabalho mesmo fora do expediente.

    2. Checar e-mails ocasionalmente prejudica o descanso?
    Sim. Mesmo checagens rápidas ativam circuitos cognitivos ligados à responsabilidade e à tomada de decisão, impedindo o relaxamento profundo e reduzindo os benefícios emocionais das férias.

    3. Como lidar com a culpa por não estar disponível?
    É importante ressignificar o descanso como parte da produtividade. Férias não são abandono de responsabilidades, mas uma estratégia de saúde mental que beneficia o profissional e a organização.

    4. O que é uma matriz de emergência no trabalho?
    É uma ferramenta de organização que define quais situações são realmente urgentes, quem deve ser acionado durante a ausência e o que pode aguardar o retorno, evitando interrupções desnecessárias.

    5. Como comunicar a ausência de forma assertiva?
    Avisando com antecedência, ativando respostas automáticas claras e informando quem ficará responsável por demandas urgentes. Expectativas bem alinhadas reduzem contatos fora do período de férias.

    6. Qual o impacto do descanso na produtividade?
    O descanso adequado reduz o estresse, melhora o foco, aumenta a criatividade e favorece a tomada de decisões, resultando em melhor desempenho no médio e longo prazo.

    7. A cultura da indispensabilidade pode prejudicar a carreira?
    Sim. Além de aumentar o risco de burnout, ela sinaliza falhas na delegação e na gestão de processos, o que pode limitar o crescimento profissional.

    8. Quais atividades ajudam o cérebro a relaxar de verdade?
    Atividades que estimulam presença e novidade, como contato com a natureza, exercícios leves, leitura fora das telas, viagens e experiências diferentes da rotina.

    9. Como evitar o estresse no retorno das férias?
    Planejando uma volta gradual, evitando reuniões estratégicas logo no primeiro dia e reservando tempo para organização e atualização.

    10. Qual o papel das empresas na promoção do descanso saudável?
    Criar uma cultura que respeite o tempo de descanso, incentive a desconexão real, tenha processos claros de substituição e reconheça as férias como parte da estratégia de saúde e produtividade.

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