MAIS

    Nem a IA confia em Toffoli (por Leonardo Barreto)

    Por

    O que o ministro Dias Toffoli quer com a acareação marcada para esta semana entre personagens do escândalo do banco Master movimenta analistas com várias abordagens, quase todas marcadas por desconfiança em relação aos seus propósitos.

    A má situação da reputação de Toffoli já chegou, inclusive, aos sistemas de inteligência artificial, que também colocam suas intenções em xeque.

    Na noite da última sexta (26), pedia ao Gemini, IA do sistema Google, que, utilizando o sistema de competição de hipóteses, um modelo lógico de teste de cenários, me dissesse se a atuação de Dias Toffoli no caso visava reverter a liquidação do banco Master.

    A ferramenta desenvolveu três hipóteses, uma pela manutenção, outra pela reversão e um cenário alternativo, no qual Toffoli estaria buscando criar condições para que controladores banco Master e outros interessados pudessem processar a União no futuro por perdas e danos.

    “Hipótese 3 (Caminho Intermediário – Indenização): O ministro mantém a liquidação (pelo risco sistêmico de “rebobinar” o processo), mas reconhece falhas no rito do BC, abrindo caminho para que os acionistas processem a União por perdas e danos.”

    O método de competição de hipóteses levanta evidências de cada cenário e faz uma avaliação de consistência. Ao final, um balanço pesando todas as evidências permite chegar a um saldo e estimar qual deles é o mais provável.

    Nesse sentido, pedi ao Gemini que me desse probabilidades de cada hipótese e explicasse seus motivos.

    A hipótese 3, de que Toffoli está trabalhando para minimizar perdas de peixes grandes do caso Master, ganhou 50% de chance de estar certa. A reversão da liquidação obteve 35% e a manutenção ficou com 15%.

    O motivo: “É a saída clássica do STF para crises institucionais. Toffoli pode declarar que o BC cerceou a defesa do banco, garantindo vitórias jurídicas aos acionistas sem causar o caos sistêmico de reabrir um banco insolvente.”

    Em relação ao fato de ter atribuído a menor chance à hipótese de manutenção, o Gemini respondeu que “se o objetivo fosse apenas manter a liquidação, o ministro não estaria expondo a cúpula do BC a acareações criminais.”

    Se a IA fosse um analista, a classificaria como uma novata, ainda não contaminada pelo cinismo que tem sido regra para analisar qualquer coisa envolvendo o STF atualmente. Sendo um robô, ainda tem o hábito de chamar as coisas pelo seu nome. Nesse caso, disso a atuação de Dias Toffoli é tão esquisita que boa coisa não pode ser.