A decisão dos Estados Unidos de retirar o ministro Alexandre de Moraes, sua esposa, Viviane Barci de Moraes, e a empresa Lex Instituto de Estudos Jurídicos, da lista de sanções da Lei Magnitsky desencadeou uma crise pública entre lideranças da direita brasileira nesta sexta-feira (12/12). Nas redes sociais, figuras como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Mario Frias (PL-SP) tentam conter a disputa interna deflagrada após críticas entre aliados sobre quem teria responsabilidade política pelo recuo norte-americano.
Em publicação, Nikolas criticou aliados que atribuíram à direita brasileira — e especialmente aos parlamentares — a responsabilidade pelo recuo de Trump. Para o deputado mineiro, culpar o Brasil por uma “decisão geopolítica” tomada por Washington é distorcer os fatos.
Atribuir ao povo brasileiro ou aos parlamentares a responsabilidade por uma decisão geopolítica tomada pelos Estados Unidos não é apenas um erro de análise – é uma fraude intelectual. Trata-se de uma tentativa conveniente de simplificar um cenário complexo, deslocando…
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) December 12, 2025
“Trata-se de uma tentativa conveniente de simplificar um cenário complexo, deslocando injustamente a responsabilidade para quem, na prática, tem enfrentado pressões e riscos reais dentro do país”, escreveu Nikolas.
O deputado disse ser “testemunha do árduo trabalho” de parlamentares de oposição e classificou como “perverso” apontar “bodes expiatórios” após a queda da Magnitsky. “O país não precisa de narrativas infantis. Precisa de lucidez, caráter e união.”
Mario Frias adotou um tom conciliador. Ele fez apelo para que a direita não transforme a crise em disputa interna e afirmou que o momento exige maturidade. “Aprendi que não existe culpa ou culpados quando todos estão sinceramente tentando acertar”, escreveu.



Nikolas Ferreira (PL – MG)
Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Deputado Nikolas Ferreira
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
Ele foi Secretário da Cultura no governo de Jair Bolsonaro
Reprodução/Instagram
Contexto da crise
- Alexandre de Moraes foi incluído na lista Magnitsky em julho, acusado pelo governo Trump de promover “detenções arbitrárias” e atos de “censura”. Viviane foi adicionada em setembro.
- A sanção ampliou a crise diplomática entre os países, e figuras como Scott Bessent e Marco Rubio chegaram a anunciar revogação de vistos e possíveis tarifaços contra o Brasil.
- A retirada das punições, sem explicação oficial, abriu espaço para leituras conflitantes na direita. Enquanto parte da base acusa falhas de articulação, outra parcela tenta blindar parlamentares e manter a imagem de alinhamento com os EUA.
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Bolsonaros divergem no tom
Mais cedo, Eduardo Bolsonaro afirmou lamentar a decisão americana. Disse que recebe “com pesar” a retirada de Moraes da lista e agradeceu Trump pelo que chamou de “atenção dedicada à grave crise de liberdades que assola o Brasil”.
Já Flávio Bolsonaro adotou linha oposta: classificou a mudança como “gesto gigante” do republicano e a vinculou diretamente ao debate sobre a PL da Dosimetria.

