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    Nobel da Paz: María Corina chega à Noruega e faz rara aparição pública

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    A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, desembarcou em Oslo, na Noruega, e fez uma rara aparição pública na varanda de um hotel, na madrugada desta quinta-feira (11/12).

    A venezuelana, que não era vista há quase um ano, viajou à Noruega para receber o Prêmio Nobel da Paz, mas não conseguiu chegar a tempo. A cerimônia ocorreu nessa quarta-feira (10/12), e a filha da homenageada, Ana Corina Machado, recebeu o prêmio em nome da mãe.

    María Corina Machado, que vive escondida na Venezuela, fez uma arriscada viagem à Noruega para receber o prêmio, já que o governo do presidente Nicolás Maduro a proibiu de deixar o país.

    De acordo com o jornal norte-americano The Wall Street Journal, María Corina deixou a Venezuela de barco na terça-feira (9/12). Ela foi levada até a ilha Curaçao, no Caribe, e de lá pegou um voo para Oslo. Toda operação ocorreu em segredo, para evitar que ela fosse detida pelo governo venezuelano.

    Na entrega do prêmio, Ana Corina leu o discurso escrito pela mãe e destacou a  infinita gratidão ao Comitê ao ser condecorada com o prêmio.

    “Estou aqui em nome de minha mãe, María Corina Machado, que se uniu a milhões de venezuelanos em um esforço extraordinário que vocês, nossos anfitriões, foram homenageados com o Prêmio Nobel da Paz. Mas ela ainda não pode estar aqui para participar desta solene cerimônia, mas devo dizer que minha mãe nunca rompe uma promessa. E é por isso que, com toda a alegria do meu coração, posso dizer que em algumas horas poderemos abraçá-la aqui em Oslo, depois de 16 meses vivendo escondida”, afirmou a filha.

    O Instituto Nobel entregou para Ana Corina uma medalha de ouro, um diploma e o prêmio de US$ 1,2 milhão (R$ 6,5 milhões).

    Ao anunciar o Nobel, em outubro, o Comitê destacou o “trabalho incansável” da venezuelana pela defesa da democracia e por uma “transição justa e pacífica” na Venezuela. Em mais de 80 cidades ao redor do mundo, venezuelanos realizaram atos da “Marcha pela Paz e Liberdade” em apoio à líder.

    María Corina está afastada da vida pública desde janeiro, quando contestou a posse de Maduro para o terceiro mandato. Impedida de concorrer nas eleições, ela alega fraude na reeleição e divulgou registros de votos das urnas eletrônicas — acusações rejeitadas pelo chavismo, mas reconhecidas por parte da comunidade internacional.

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    A premiação, contudo, também provoca divisões. Grupos pacifistas noruegueses protestaram nessa terça em frente ao Instituto Nobel com faixas como “Não ao Nobel para belicistas” e “EUA, tirem as mãos da América Latina!”.

    María Corina é criticada por apoiar operações militares dos EUA no Caribe e no Pacífico, que deixaram ao menos 87 mortos em ataques a embarcações classificadas por Washington como suspeitas de narcotráfico.

    No Centro Nobel da Paz, a mostra “Democracia à beira” dedica-se à trajetória da opositora, enquanto curadores admitem que a escolha da venezuelana gerou “atenção incomum e reações fortes” no país e no exterior.