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O banho de loja de Flávio Bolsonaro

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O banho de loja de Flávio Bolsonaro

A divulgação da nova pesquisa Quaest nesta quarta-feira (17/12) fez mais do que apenas apontar a liderança de Lula para 2026, ela expôs a nova hierarquia da direita brasileira.

Com Jair Bolsonaro preso e inelegível, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) atropelou as expectativas em torno de Tarcísio de Freitas. Com 23% das intenções de voto no primeiro turno, o senador deixa para trás o governador de São Paulo, que amarga apenas 10% quando testado no confronto direto.

O resultado é um pesadelo para Tarcísio — e para a turma que o queria como protagonista. Preso na “armadilha da lealdade” e sem capital político para desafiar o clã sem virar traidor, ele vê o Palácio do Planalto comemorar. Para o governo, enfrentar um Bolsonaro com rejeição de 62% e sem a máquina pública na mão é o cenário dos sonhos.

Sentindo o vento a favor, Flávio começou a calibrar o discurso. A ordem é clara: diferenciar o Executivo do Judiciário. Em entrevista a Léo Dias, o senador surpreendeu ao adotar uma civilidade pragmática com Lula, enquanto mantinha a artilharia pesada contra o STF.

“Eu sou uma pessoa educada. Apertaria a mão do Lula, não tem problema nenhum. Agora, eu não apertaria a mão do algoz do meu pai, Moraes”, disparou.

A tradução desse recado é simples: Flávio quer institucionalizar a disputa contra o PT (tornando-se aceitável para o sistema político), mas manter a militância radical mobilizada através do ódio a Alexandre de Moraes, colocando-se como vítima ao deixar um “perdão” não solicitado no colo do ministro.

O exemplo mais didático dessa postura — e talvez o mais cruel — aconteceu nesta semana, no lançamento do SBT News. O evento virou um microcosmo da polarização: de um lado, o ataque de Zezé Di Camargo à emissora e às filhas de Silvio Santos; do outro, o pragmatismo frio de Flávio.

Enquanto o cantor se queimava publicamente em nome da ideologia, o senador mantinha a postura institucional e não embarcou no boicote. Mais uma vez, o clã avança deixando um soldado ferido para trás.

O senador, agora, tenta se portar como estadista, engolindo sapos para se viabilizar. É o seu “banho de loja”. Resta saber se essa tática de bom moço cola ou se a rejeição herdada do pai será um teto de vidro blindado demais para quebrar.

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