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    O crescimento da direita na América do Sul (por Ricardo Guedes)

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    A direita avança na América do Sul, como em outros países do mundo, notadamente na América do Norte e em países da Europa. Dos 12 países da América do Sul, hoje 6 estão à esquerda, em maior ou menor grau, e seis à direita, idem.

    O avanço da direita se deve a dois fatores preponderantes. O primeiro, a compressão econômica das classes médias, [/produto]desiludidas que estão com os resultados das democracias liberais, e adversos à ideia de socialismo e a medidas sociais. Em segundo lugar, como variável complementar, a presença de imigrantes estrangeiros, que desarrumam os valores dos países e afetam os empregos da base social. Surgem, então, os líderes neofascistas, na simbiose entre líderes e liderados, hoje também chamados por alguns como “populistas”.

    O caso clássico do fascismo ocorreu na Alemanha Nazista. As classes médias foram comprimidas ao final da 1ª Guerra Mundial e da hiperinflação de 1922; e a retirada de recursos financeiros da Alemanha por parte de alguns financistas judeus foi o gatilho para o “rationale” do início da perseguição aos judeus, no horror que se seguiu.

    Estive no Chile há seis meses atrás, país bem arrumado para os standards da América Latina. Em Santiago, com alto padrão viário, de prédios e de estacionamentos, em um táxi, vi a ira contra a imigração de Venezuelanos para o país, cerca de 1 milhão de pessoas desde 2022, notadamente para a área metropolitana da capital. Kast foi eleito com 58% dos votos.

    Nos Estados Unidos, além da inflação dos bens básicos acima do aumento dos salários, os Estados Unidos contam hoje com 15,3% de imigrantes no total de sua população. No Canadá, 21,3%. Não fosse Trump ter gerado tarifas e interferido em assuntos internos do Canadá, o conservador Pierre Poilievre teria vencido Mark Carney nas últimas eleições, conforme larga margem dada então pelas pesquisas.

    Na Europa, além da compressão das classes médias, o percentual de imigrantes nos países é hoje de 18,8% para a Alemanha, França 13,1%, Itália 10,6%.

    No Brasil e na Argentina, o fenômeno do fascismo se dá mais pela compressão de suas classes médias e o esgotamento do modelo político da situação versus oposição tradicional. O percentual de imigrantes no Brasil é de 0,5% de sua população, Argentina 5,.0%.

    Os países da Ásia vêm-se livres deste dilema, com suas economias em expansão e com a formação de suas classes médias.

    E “la nave va”!

    Ricardo Guedes é Ph.D. em Ciências Políticas pela Universidade de Chicago e Autor do livro “Economia, Guerra e Pandemia: a era da desesperança”