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    O manifesto visual da crise climática (por Mariana Caminha)

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    A pequena cidade de Exeter, no Reino Unido, costuma ser lembrada por sua herança romana, suas ruas de pedra que guardam séculos de história e, claro, sua tradição acadêmica. A Universidade de Exeter e suas escolas técnicas atraem estudantes do mundo inteiro, criando uma atmosfera vibrante que mistura passado e futuro.

    Ontem a cidade ganhou outro motivo para entrar no mapa das discussões globais: o lançamento do livro The Visual Life of Climate Change, da professora Saffron O’Neill, especialista em comunicação e mudanças climáticas.

    Em uma abordagem que interessa especialmente a nós, comunicadores, a professora O’Neill mergulha no poder – e, também, nas limitações – das imagens que usamos para contar a história do clima. Ela argumenta que, por mais importantes que sejam, fotografias de ursos-polares isolados, incêndios florestais e chaminés industriais criam um imaginário estreito, repetitivo, quase anestesiante. O mundo real, no entanto, é muito mais complexo. E é justamente nele que reside a força da comunicação visual.

    O’Neill nos convida a olhar além do óbvio. A enxergar as imagens como ferramentas capazes de abrir portas, conectar temas aparentemente distantes e – sobretudo – aproximar o público de um problema que, muitas vezes, lhe parece distante demais.

    Em seu livro-manifesto, ela apresenta estudos de caso sobre adaptação climática, energia, ciência, política climática e impactos socioambientais, costurando reflexões teóricas com conselhos práticos. Trata-se de um chamado para imaginar e produzir representações visuais mais diversas, equitativas, inclusivas e responsáveis.

    Com essa obra, a autora espera não apenas esclarecer, mas mobilizar. Mostrar que as imagens têm o poder de engajar, sensibilizar e, quem sabe, mover pessoas em direção à ação climática.

    Em tempos em que o mundo busca novas narrativas para enfrentar a crise planetária, The Visual Life of Climate Change surge como uma leitura necessária – e Exeter, mais uma vez, faz história.