Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo organizaram uma greve surpresa nessa terça-feira (9/12). Das 32 empresas, 11 paralisaram após a falta de acordo sobre o pagamento do 13º salário e outros benefícios aos funcionários. A greve começou por volta das 17h e chegou ao fim às 21h50, depois de uma reunião que contou com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB), secretários da gestão municipal, representantes dos sindicatos dos motoristas e cobradores (SindMotoristas) e das empresas de transporte coletivo urbano de passageiros (SPUrbanuss).
A conversa no gabinete de Nunes durou cerca de 1h30. Ao final, o prefeito afirmou que as concessionárias devem realizar o pagamento até a próxima sexta-feira (12/12). Caso contrário, serão alvo de processo de caducidade e poderão ter os contratos com a prefeitura suspensos.
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Greve chegou ao fim após reunião da prefeitura com sindicatos
Milena Vogado/Metrópoles
Paralisação começou após empresas afirmarem que não têm condições de pagar 13º salário. Sindicato promete greve até quarta-feira (10/12)
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Ônibus parados durante greve em SP
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Ônibus foram recolhidos por volta das 17h
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Greve de ônibus em São Paulo
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Greve de ônibus em São Paulo
Julia Gandra/Metrópoles
Qual foi o motivo da greve
A greve surpresa aconteceu após falta de acordo sobre o pagamento do 13º salário e do vale-refeição. O SindMotoristas tomou a decisão de paralisar as atividades após ter recebido do SPUrbanuss um comunicado sobre a impossibilidade de pagar o 13º na data prevista — esta sexta-feira (12/12).
A SPUrbanuss argumentou que pediu um prazo maior conforme previsto na constituição e que não mediu esforços para honrar suas obrigações.
Em relação ao vale-refeição, os funcionários reivindicam o pagamento do VR também nas férias a partir de setembro deste ano. Após negociação que teria contado com integrantes da prefeitura, as empresas se comprometeram a fazer o pagamento, incluindo os retroativos, o que não aconteceu.
Segundo os sindicalistas, o pagamento de VR nas férias foi reconquistado após muita luta durante a campanha salarial, daí a relevância dada pelos trabalhadores ao benefício. O sindicato afirma que teve que levar a questão para a Justiça, obteve uma vitória, mas mesmo assim não houve o pagamento.
Empresas que recolheram ônibus nesta terça-feira
- Ambiental.
- Campo Belo.
- Express.
- Gato Preto.
- Gatusa.
- Grajaú.
- KBPX.
- Metrópole.
- Mobibrasil.
- Movebuss.
- Sambaíba.
- Santa Brígida.
- Transppass.
- Transunião.
- Via Sudeste.
As empresas de ônibus, por sua vez, cobram centenas de milhões de reais da Prefeitura de São Paulo por atraso no reajuste contratual que deveria ter ocorrido no ano passado e reclamam de dificuldades financeiras. A própria SPTrans pediu à gestão Ricardo Nunes a liberação de R$ 320 milhões para o “pagamento da Revisão Quadrienal aos operadores do sistema de transportes com vencimento no dia 12 de dezembro”.
No entanto, o prefeito negou a existência de tal dívida com as empresas de ônibus. “A prefeitura não tem atrasado nem um real, nem um centavo. A prefeitura tem pago rigorosamente e criteriosamente todos os valores para as empresas que têm a concessão dos serviços. Isso independe do valor da tarifa”, disse.
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Representante de uma das empresas que prestam serviços na cidade, Cesar Augusto Fonseca classificou a elaboração da carta entregue aos trabalhadores — e que motivou a reação da categoria pela paralisação das atividades — como um mal entendido. “Foi muito mal colocada da nossa parte”, disse, após a reunião no gabinete do prefeito.
Impactos na volta para casa
Somada à tempestade que caiu sobre São Paulo na terça-feira e à uma falha na CPTM, a greve surpresa causou grande transtorno para quem tentava voltar para casa. Segundo a SPTrans e a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Transporte (SMT), cerca de 3,3 milhões de passageiros foram afetados. Diariamente, os ônibus municipais transportam cerca de 7,3 milhões de passageiros em toda a cidade de São Paulo.
Mesmo quem não depende do transporte público sofreu com a greve. O preço dos carros de aplicativo disparou e a capital paulista bateu o recorde de trânsito no ano. Por volta das 19h, a cidade registrou 1.486 quilômetros de congestionamento.
O recorde de 2025, anteriormente, era de 1.335 quilômetros de engarrafamento, do dia 8 de agosto, segundo informações da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Já o recorde histórico ainda é de 9 de agosto de 2024, às 19h, quando São Paulo registrou 1.510 quilômetros de vias com trânsito prejudicado.
No fim da tarde, a Prefeitura de São Paulo suspendeu o rodízio para os carros com placa final 3 e 4 devido à paralisação dos funcionários.
O que disse a prefeitura
Em vídeo direcionado aos motoristas e cobradores logo após o início da greve, o prefeito fez um apelo e pediu que os profissionais retomassem o serviço. “Eu conto com vocês, trabalhadores, motoristas e cobradores, para que a gente atenda a nossa população do transporte coletivo e que vocês possam continuar dando essa grande contribuição para o crescimento de São Paulo”, afirmou Nunes.
O prefeito ainda alegou que o pagamento da Revisão Quadrienal não tem nada a ver com a “responsabilidade e obrigação de todos os empresários pagarem em dia os seus colaboradores”. Ele também afirmou que não vai aceitar pressão das empresas concessionárias contra a prefeitura
“Eu vou tomar todas as medidas administrativas e judiciais para garantir que você, trabalhador, tenha o seu direito de receber o seu 13º. Todos os pagamentos da Prefeitura de São Paulo às empresas de transporte coletivo estão em dia. Portanto, não existe motivo algum para que eles atrasem o pagamento do salário, em especial do 13º”, afirmou.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que os repasses às empresas de ônibus estão em dia e o pagamento do 13º salário dos trabalhadores é de responsabilidade exclusiva das concessionárias.
“A pedido do prefeito Ricardo Nunes, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana/Transportes e SPTrans registraram nesta terça-feira um Boletim de Ocorrência contra as empresas que aderiram a uma paralisação sem aviso prévio, ferindo gravemente a legislação.”
A gestão ainda se solidarizou com “todos os usuários que dependem do transporte público e que sofrem com o descaso, irresponsabilidade e falta de compromisso dessas companhias com a população.”
