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    O Titanic de Eduardo e Ramagem: o fim da “Bancada do Exterior”

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    A política brasileira viveu dias de forte movimentação com a confirmação da cassação dos mandatos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) pela Mesa Diretora da Câmara. As reações dos agora ex-parlamentares, para além da tentativa sofrível de manter a pose superior e ilibada, enterrou qualquer distorção dos fatos que poderia existir e apresentou ao mundo as consequências de suas escolhas (nada) estratégicas. O navio afundou, e o que restou foi um bote à deriva.

    A Reação de Eduardo Bolsonaro: A “Honra” de quem fugiu

    Diretamente de sua atual residência nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro utilizou suas redes sociais para tentar ressignificar o episódio. Em um tom que mesclava desafio e vitimismo, afirmou que a cassação não ocorreu por tentativa de coação e abandono da cadeira parlamentar, mas por cumprir o que seus eleitores esperavam. “Para mim, o que fica na verdade é uma medalha de honra, não é a perda de um mandato”.

    Porém, ao contrário do que ele afirma, está claro que as coisas não saíram como esperado. Utilizando da velha máxima bolsonarista de “só mais 72h” para manter o engajamento e bradar aos quatro cantos suas certezas, segue deixando em refoga lenta seus eleitores com promessas de próximos episódios de uma série que é sobre ele, não sobre o Brasil. Rejeitado segundo pesquisas, Eduardo é hoje o rosto de um isolamento que nem o Wi-Fi da Flórida consegue esconder.

    Alexandre Ramagem: Fúria contra a “Marionete”

    Alexandre Ramagem adotou uma postura mais agressiva, como era de se esperar, direcionando sua fúria ao presidente da Câmara. Em pronunciamento, Ramagem classificou a decisão como “covardia” e chamou Hugo Motta de “boneco marionete nas mãos de um ministro do STF”. Ele alega que a Mesa Diretora se antecipou a faltas que ele ainda não teria cometido para justificar a canetada.

    O argumento, contudo, esbarra na realidade jurídica: como o STF já o havia condenado, a perda dos direitos políticos e do mandato era um destino selado. A fuga de Ramagem apenas acelerou o processo. A Câmara, cansada de “empurrar com a barriga”, agiu para evitar um novo descumprimento de ordem judicial, deixando o ex-delegado falando sozinho em seus vídeos de ataque.

    O Fim da Linha?

    Para além da retórica política, a cassação se baseia em fatos objetivos: o abandono de mandato e condenações criminais. Como bem lembram os analistas, “não existe bancada de deputado federal no exterior”. A tentativa de governar ou fazer oposição via redes sociais, longe do plenário, fracassou retumbantemente.

    O que Eduardo chama de “medalha de honra” é, na verdade, o peso que o puxou para o fundo. Hoje, Eduardo e Ramagem são apenas vozes distantes tentando manter a relevância enquanto o bote em que se encontram se afasta cada vez mais da realidade de Brasília. A cadeira de Ramagem segue vazia, e o capital político de Eduardo, naufragado.