A estilista Nátaly Cristina Fernandes, 25 anos, chegou a Vicente Pires em 2005, ainda criança. Naquela época, a região era formada por chácaras, ruas de terra e problemas que se agravavam sempre que o céu escurecia.
“Era um caos. Toda vez que chovia, alagava tudo. Para sair de casa era uma tribulação”, relembra.
A Rua 3, onde mora até hoje com os pais e a irmã, estava entre as mais afetadas. A falta de drenagem transformava a via em um corredor de enxurradas.
“A gente ficava agoniado. Teve situação de carro cair em vala, de não conseguir passar”, conta.
A mudança começou a ser sentida com a chegada das obras de drenagem e pavimentação. Segundo Nátaly, houve um ponto de virada quando a rede subterrânea de captação de águas pluviais foi implantada — aquela obra que “abriu o chão, colocou estruturas de concreto por onde a água passa por baixo”. “Aquilo mudou nossa vida”, afirma.
Desde então, a chuva deixou de ser ameaça, e viver em Vicente Pires passou a ser, de fato, confortável em qualquer estação do ano. “Hoje é tranquilo. Quando chove, a rua não alaga. A gente consegue sair, andar, viver. Parece simples, mas isso muda tudo”, ressalta.
Rua 3, em Vicente Pires, recebeu obras de drenagem, entre outras ações
Assim como ela, principalmente no fim do ano, as pessoas costumam notar com mais afinco aquilo que, no dia a dia, passa despercebido. É quando o morador repara se a rua já não alaga mais, se o trajeto ficou mais curto, se a casa agora protege da chuva e se a cidade se parece com o lar que lhe foi prometido.
No Distrito Federal, essa percepção tem sido recorrente, especialmente em regiões que, por décadas, conviveram com a ausência do Estado e hoje enxergam, na prática, os efeitos de uma gestão baseada em obras, continuidade e presença.
Obras de infraestrutura mudaram a rotina em regiões como Sol Nascente e Vicente Pires (foto)
Em localidades como Vicente Pires e Sol Nascente, ruas pavimentadas, drenagem funcionando, equipamentos públicos próximos e a sensação concreta de dignidade passaram a fazer parte da rotina.
As transformações não se resumem a números ou anúncios oficiais. Mudanças que, antes pareciam improváveis, hoje se manifestam no cotidiano.
Não se trata apenas de obras visíveis, mas de impactos profundos na mobilidade, na saúde e na forma como as pessoas ocupam a cidade.
Elas aparecem na vida de quem mora, trabalha e criou raízes nesses territórios — pessoas que viveram o pior da precariedade e agora experimentam o melhor da estrutura.
Vicente Pires: quando ficar vira escolha
Desde 2019, Vicente Pires passou por um dos maiores processos de urbanização da história. Mais de R$ 500 milhões já foram investidos em infraestrutura, saúde e mobilidade. Até 2026, esse valor chegará a R$ 770,7 milhões, consolidando um dos maiores processos de transformação urbana do DF.
Para Nátaly, a consequência mais simbólica é o desejo de permanecer: “A gente quer continuar aqui. Pensamos em comprar outra casa, morar perto. Meus pais aprenderam a amar este lugar”.
Assim, o que antes era provisório, virou pertencimento para a família dela e para muitas outras, como a do aposentado Tobias Gonçalves.
Morador de Vicente Pires há 27 anos, Gonçalves reforça a percepção de quem vive na região e acompanhou a mudança na qualidade de vida com as obras de urbanização.
“É diferente quando a cidade passa por uma urbanização planejada. A região fica mais tranquila, mais acessível e mais segura”, constata.
Sol Nascente: de favela à cidade estruturada
Já no Sol Nascente, as transformações se tornaram visíveis — e audíveis — no comércio local. O comerciante Wanderson Silva, 42, lembra que, por muito tempo, abrir a loja era sinônimo de desgaste.
“A poeira invadia tudo. A gente lavava várias vezes por dia. Quando chovia, era pior: alagava tudo”, recorda.
Com a conclusão da rede de drenagem e a pavimentação das vias, a rotina mudou. “Hoje, a loja é lavada uma vez só. O cliente chega, tem onde estacionar. Ficou excelente”, relata.
Desde 2019, o Governo do Distrito Federal investiu mais de R$ 630 milhões no Sol Nascente. As obras incluem mais de 40 km de redes de drenagem, 12 lagoas de detenção em funcionamento e cerca de 90 km de ruas pavimentadas, beneficiando diretamente aproximadamente 150 mil moradores.
As intervenções melhoraram a mobilidade, reduziram riscos de enchentes e permitiram a chegada regular de serviços essenciais, como coleta de lixo, transporte público, correios, atendimento médico e segurança. Também contribuíram para a redução de riscos ambientais e para avanços nas condições de saúde e saneamento.
Casa própria: quando o chão deixa de ser instável
Para muitas famílias do Sol Nascente, a transformação também passou pela porta de casa. Em 2025, 140 famílias receberam as chaves da moradia própria, sem custo, como parte da política habitacional do GDF. Desde 2019, a região já soma 1.008 unidades habitacionais entregues.
A aposentada Jeilza da Silva viu a vida ganhar outro ritmo ao deixar o aluguel para trás. “Só a estabilidade já faz toda a diferença. Com aluguel e contas, a gente sempre ficava no vermelho. Diminuir esses gastos é um alívio muito grande”, frisa.
Mais do que paredes, a casa trouxe segurança emocional. “Agora a gente sabe que ninguém vai tirar isso da gente”, resume.
As melhorias também impactaram diretamente a saúde de quem vive no Sol Nascente. Moradora da Chácara 203, Janaina Ribeiro, mãe de duas meninas, lembra que a poeira era um problema diário — especialmente para a filha de 7 anos, que tem asma.
Com a pavimentação e a drenagem, o cenário mudou. “A pista trouxe saúde, principalmente para as crianças. Agora ela consegue ir para a escola sem problemas”, comemora.
“Ela sofria muito, principalmente na época da seca”, conta Janaina
Além das obras viárias, o Sol Nascente passou a contar com equipamentos públicos fundamentais, como Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Restaurante Comunitário, rodoviária e o Centro de Referência da Mulher Brasileira, estruturas que ajudaram a reorganizar o território e dar suporte à população.
Um governo presente no cotidiano
O que conecta Vicente Pires e Sol Nascente é a lógica de continuidade. As ações não surgem como eventos isolados, mas como parte de um planejamento que avança ano após ano, alcançando diferentes regiões do DF.
Para quem vive nessas regiões, o resultado aparece nos detalhes: no tempo economizado no trânsito, na rua que não virou rio, na casa que protege da chuva e na decisão de permanecer.
No balanço de fim de ano, moradores de diferentes partes do Distrito Federal, ao olharem para trás, compartilham a mesma constatação: onde antes havia espera, agora há entrega. E, para muita gente, esse foi um tempo de conquistas e de motivos renovados para acreditar no lugar onde se vive.
O que também está sendo feito:
Sol Nascente
- Obras no Sol Nascente geraram cerca de 200 empregos diretos e 600 indiretos.
- Avenida do Trem Bão: 12 km pavimentados, com investimento de R$ 14,5 milhões, beneficiando cerca de 108 mil moradores, incluindo calçadas, meios-fios e paisagismo.
- Sistema de drenagem conta com lagoas de detenção com mais de 90 mil litros de capacidade, que impedem resíduos de chegarem aos córregos do Rio Melchior.
- Saneamento: R$ 80 milhões em rede de esgoto (93.217 pessoas atendidas) e R$ 5,7 milhões em rede de água (5.500 unidades regularizadas, 15.400 pessoas beneficiadas).
- Entregas pontuais já concluídas incluem ponte entre os trechos 1 e 2, urbanização dos setores Acácias e Cachoeirinha e vias de acesso a áreas como o Córrego das Corujas e a Escola Classe Córregos das Corujas.
Vicente Pires
- Intervenções detalhadas nos Lotes 2, 8 e 10, com obras concluídas e em andamento.
- Implantação da rede de energia no Assentamento 26 de Setembro, com investimento de R$ 2,2 milhões.
- UPA de Vicente Pires recebeu investimento de R$ 7 milhões, com recursos da Secretaria de Saúde e emendas parlamentares, e passou a oferecer telemedicina.
- Até 2026, estão previstas 18 obras, entre concluídas, em andamento e em fase de licitação.
