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    Os petistas amam odiar os bolsonaristas, porque precisam deles

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    Os comissários do povo de Ipanema e dos Jardins fracassaram ao levar pouca gente às ruas, ontem, para manifestar-se contra o PL da Dosimetria. Mas que ninguém se engane: o antibolsonarismo continuará a ser a única bandeira dos petistas.

    É que o PT não tem nada de positivo a oferecer aos brasileiros depois de duas décadas no poder, marcadas por assistencialismo eleitoreiro, corrupção desavergonhada, prejuízos bilionários nas estatais e buracos cósmicos nas contas do governo.

    Restou ao partido, portanto, vender-se como o esconjuro do que seria a ameaça fascista que paira sobre o Brasil, o mundo e, quiçá, a galáxia.

    A fábula da ameaça fascista encontrou o seu Esopo no STF, com a sua historieta de que o país esteve ameaçado de verdade por um golpe militar para impedir a posse de Lula. O golpe, aqui, foi o de mestre.

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    A necessidade de que o bolsonarismo sobreviva é um dado tão indigesto para o petismo, que parte dele não consegue admiti-lo nem para si próprio, entre as quatro paredes forradas de pôsteres de Che Guevara.

    A negação da realidade, contudo, não diminui, o caráter farsesco de manifestações como a de ontem. A única verdade do discurso petista de oposição ao bolsonarismo é o do amor ao ódio.

    Os petistas amam odiar os bolsonaristas, assim como a recíproca é verdadeira. É amor sincero, porque ambos necessitam um do outro. Na biologia, essa relação simbiótica é chamada de mutualismo.

    Com toda a sua quilometragem, Zé Dirceu está entre os petistas que têm consciência da simbiose. Eu diria que a sua tirada no X, antes das manifestações fracassadas, foi de um cinismo revelador na sua abordagem cromática. “Estou pensando aqui… com que roupa vou à manifestação hoje às 14h no Masp: vermelho ou verde e a amarelo? O que vocês acham?”, escreveu o ideólogo. Para o Brasil, tanto faz.

    PS: Será que Alexandre de Moraes dará alguma explicação para o contrato de R$ 129 milhões do Banco Master com o escritório de advocacia da sua mulher ou teremos de colocar tudo na conta da resistência democrática ao bolsonarismo?