O setor de serviços, que cravou o 9º mês consecutivo de crescimento em outubro deste ano, vem mantendo um bom ritmo e pode contribuir para um resultado melhor da economia brasileira em 2025.
É o que afirmam economistas e analistas do mercado consultados pela reportagem do Metrópoles, nesta sexta-feira (12/12), pouco depois da divulgação dos dados do setor pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em outubro, o volume de serviços subiu 0,3% frente ao mês anterior. Foi o nono resultado positivo seguido, período em que acumulou alta de 3,7%. Com isso, o setor está 20,1% acima do nível pré-pandemia (em fevereiro de 2020) e renova o ápice da série histórica.
Na série sem ajuste sazonal, em relação a outubro de 2024, o volume de serviços avançou 2,2%, a 19ª taxa positiva consecutiva. O acumulado no ano foi de 2,8%. Em 12 meses, alta também de 2,8%, reduzindo o ritmo de expansão frente ao acumulado até setembro (3,1%).
O que diz o mercado
Segundo Claudia Moreno, economista do C6 Bank, “os dados de outubro mostram que o setor de serviços continua firme e tem mantido um bom ritmo de crescimento, contribuindo para sustentar parte da expansão da economia em 2025”.
“Nossa projeção é de que os serviços terminem o ano com crescimento um pouco abaixo de 3%, apoiados pelas medidas promovidas pelo governo para impulsionar a atividade, como o aumento de gastos e o estímulo à concessão de crédito”, afirma Moreno.
De acordo com a economista, apesar do bom desempenho do setor, “a economia brasileira como um todo deve crescer menos em 2025 do que em 2024”. “Essa desaceleração é reflexo dos juros mais altos, que tendem a limitar o consumo e desestimular investimentos. Por ora, esperamos que o PIB avance 0,1% no 4º trimestre e feche 2025 com crescimento de 2%, ou um pouco acima disso, em relação ao ano passado”, projeta.
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Na avaliação de Moreno, “os dados mais recentes de atividade e inflação, combinados às sinalizações feitas pelo Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] no comunicado da reunião desta semana, reforçam nossa expectativa de que a taxa Selic seja mantida em 15% no próximo encontro, em janeiro”. “Acreditamos que o ciclo de cortes deve começar em março, com os juros chegando a 13% no fim de 2026.”
Matheus Pizzani, economista do PicPay, observa que “a incorporação do resultado dos serviços em um quadro mais geral demanda uma análise mais cautelosa da conjuntura”.
“Embora, do ponto de vista estrutural, a desaceleração de categorias importantes como os serviços técnico-profissionais e de informação e comunicação apontem para o início de um processo de acomodação do setor, sua incorporação em um ambiente de surpresas positivas com o comércio e maior estabilidade da indústria deve impedir a queda dos indicadores de atividade que se alimentam destes dados”, explica Pizzani.
Para o economista, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) deve “iniciar o último trimestre do ano em ritmo mais acelerado frente aos meses anteriores”.
Também ouvido pelo Metrópoles, o economista Maykon Douglas destacou o “ótimo desempenho do setor de transportes, devido ao aumento na demanda pelos passageiros e ao escoamento da safra recorde”. “No entanto, os serviços às famílias perderam fôlego nos últimos meses, o que não é favorável para o PIB”, ponderou.
“O dado reforça a gradual desaceleração da economia. No entanto, os dados de atividade para o mês de outubro sugerem um PIB um pouquinho melhor no quarto trimestre, em relação ao terceiro, algo entre 0,2% e 0,3% de alta”, concluiu.
Principais dados
A expansão de 0,3% no volume de serviços, na passagem de setembro para outubro de 2025, foi acompanhada por todas as cinco atividades, com destaque para transportes (1%). Os demais avanços vieram de informação e comunicação (0,3%); outros serviços (0,5%); profissionais e administrativos (0,1%) e prestados às famílias (0,1%).
A média móvel trimestral foi de 0,4% no trimestre encerrado em outubro de 2025. Entre os setores, o comportamento positivo foi acompanhado por quatro das cinco atividades, com destaque para outros serviços (1,1%) e transportes (0,8%), seguidos por informação e comunicação (0,3%) e pelos prestados às famílias (0,2%). Serviços profissionais, administrativos e complementares (0,0%) ficaram estáveis.
