A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (18/12), Romeu Carvalho Antunes, filho de Antônio Carlos Camilo Antunes (foto em destaque), conhecido como “Careca do INSS”, durante uma nova fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema nacional de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A fraude foi revelada pelo Metrópoles.
O pai de Romeu está preso desde setembro, apontado como um dos principais operadores do esquema que desviava mensalmente valores dos benefícios de idosos sem autorização. A coluna também apurou que Aldroaldo Portal, secretário-executivo do Ministério da Previdêncial, foi afastado do cargo. Ele vai cumprir prisão domiciliar.
Segundo a PF, a organização criminosa atuava de forma estruturada, com núcleos responsáveis pela captação de dados, inserção de informações falsas em sistemas oficiais e ocultação do dinheiro desviado.
Além da prisão do filho do “Careca do INSS”, a operação desta quinta-feira também tem como alvos o senador Weverton Rocha (PDT-MA) e um assessor parlamentar. As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao todo, estão sendo cumpridos 52 mandados de busca e apreensão, 16 mandados de prisão preventiva e outras medidas cautelares nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão, além do Distrito Federal.
A ação é realizada em conjunto pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Farra do INSS
- A chamada “Farra do INSS” tornou-se pública em dezembro de 2023, após séries de reportagens do Metrópoles, que denunciaram o aumento drástico das arrecadações de associações com descontos indevidos aplicados a aposentados — chegando a R$ 2 bilhões em um ano.
- As entidades respondiam a milhares de processos por filiações fraudulentas.
- As revelações levaram à abertura de inquérito da Polícia Federal (PF) e abasteceram investigações da Controladoria-Geral da União (CGU).
- A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, resultou na demissão do então presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi. No total, 38 reportagens do Metrópoles foram citadas pela PF na representação que originou a operação.
As investigações apontam que aposentados e pensionistas tinham valores descontados diretamente dos benefícios, como se fossem filiados a associações de classe, sem nunca terem autorizado a adesão. Na prática, os descontos eram feitos de forma automática, mês a mês, reduzindo o valor recebido pelos beneficiários — muitos deles idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.
Segundo a CGU, as entidades envolvidas alegavam oferecer serviços como assistência jurídica, convênios médicos e descontos em academias. No entanto, não possuíam estrutura mínima para prestar qualquer atendimento real.
Ao menos 11 associações foram alvo de medidas judiciais. Os contratos foram suspensos e os descontos interrompidos.
Crise no governo e devolução do dinheiro
O escândalo teve forte impacto político. O então ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão após a investigação atingir o núcleo da pasta. Ele foi substituído por Wolney Queiroz, que assumiu o comando do ministério em meio à crise.
Em julho, o governo federal anunciou a devolução dos valores descontados indevidamente de aposentados e pensionistas. O ressarcimento está sendo feito em parcela única, e o prazo para contestação foi prorrogado até 14 de fevereiro de 2026.
