A construção de uma dinastia quase sempre passa por momentos silenciosos, decisões tomadas a portas fechadas e uma confiança quase cega entre treinador, gerente-geral e presidente. No Kansas City Chiefs, um desses instantes aconteceu antes do Draft de 2017 da NFL e mudou para a história da franquia.
Em conversa nesta terça-feira (2/12) no Up & Adams Show, Mark Donovan, presidente dos Chiefs, relembrou como foi o processo que levou o time a subir no draft para selecionar Patrick Mahomes.
E, ao contrário do que muitos imaginam, não houve debate acalorado, análises extensas ou reuniões intermináveis. Houve, acima de tudo, confiança.
“Ei, você tem que ver isso”
Tudo começou com uma ligação simples de Andy Reid, treinador dos Chiefs. Ele raramente fazia referências ao passado do executivo como quarterback, só quando queria algo. E, naquele dia, queria.
“Ele me liga e diz: ‘Você pode descer?’”, conta. “O escritório dele era um andar abaixo do meu. Desci e perguntei: ‘O que foi?’ E ele responde: ‘Você tem que ver isso’”, disse Mark.
Reid então deu play em um vídeo. Era um highlight de Mahomes no college, mais especificamente, a jogada em que o quarterback rola para a direita, depois para a esquerda e lança uma bola de 60 jardas quase do quadril.
“Eu só disse: ‘Isso é insano.’ E Andy respondeu: ‘É. Eu sabia que você ia entender’”, falou.
A dança do draft
Após mostrar o vídeo, Reid foi direto. Para escolher Mahomes, o time teria de subir muito no draft. Era um movimento arriscado e caro. E, para convencer o dono da franquia, Clark Hunt, todos precisariam estar alinhados.
“Eu perguntei: ‘Por quê?’ Ele disse: ‘Porque vai virar uma dança. Eu vou falar com o Brett Veach, o Brett vai falar com o Clark. Aí o Clark vai me ligar. E depois vai ligar pra você. E você vai precisar dizer que estamos prontos para fazer isso”, disse.
O dirigente então questionou: “Me diga por que você pensa isso”. Reid explicou sua visão e bastou. “Beleza, entendi você.” Ele sequer voltou para a própria sala. E, exatamente como Reid previu, o telefone tocou.
Alexandre Schneider/Getty Images
TAMPA, FL – NOVEMBER 29: Tom Brady (12) of the Buccaneers shakes hands with Patrick Mahomes (15) of the Chiefs after the regular season game between the Kansas City Chiefs and the Tampa Bay Buccaneers on November 29, 2020 at Raymond James Stadium in Tampa, Florida. (Photo by Cliff Welch/Icon Sportswire via Getty Images)
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“Você está preocupado com esse garoto Mahomes?”
Clark Hunt iniciou a ligação com uma série de assuntos rotineiros: negócios, contratos, pendências menores. No fim, soltou a pergunta que realmente importava:
“‘Ei, a propósito, você está preocupado com esse garoto Mahomes?. Eu disse: ‘Ouvi um pouco sobre isso, sim.’”
Clark explicou que Reid acreditava que o time precisava subir bastante no draft para pegar Mahomes e perguntou o que o dirigente achava. A resposta veio sem hesitar:
“Eu confio no meu treinador. Se o Andy acha que a gente precisa subir, e se o Brett acha que a gente precisa subir, então provavelmente precisamos. Se eles realmente acreditam que devemos fazer isso, então devemos fazer.”
O resto é história
O Kansas City Chiefs subiu para a 10ª escolha do Draft de 2017 e selecionou Patrick Mahomes, um movimento que muitos analistas chamaram de ousado, e até arriscado, na época.
Hoje, Mahomes é duas vezes MVP, múltiplo campeão do Super Bowl e o principal pilar da franquia.