A Justiça de Guarulhos, na Grande São Paulo, determinou que a audiência de instrução do caso Hayder Mhazres — tunisiano morto por envenenamento — conte obrigatoriamente com uma intérprete de árabe. O estrangeiro é uma das quatro vítimas atribuídas às irmãs gêmeas Ana Paula Veloso Fernandes e Roberta Cristina Veloso Fernandes, que seguem presas por tempo indeterminado.
A medida foi tomada porque um dos depoentes-chave, Hazem Mhazres, irmão da vítima, não fala português e será ouvido entre os dias 6 e 8 de abril do ano que vem, quando as rés enfrentarão, pela primeira vez, um interrogatório judicial completo.
O intérprete ficará responsável pela tradução de cada pergunta e resposta durante o depoimento do familiar de Hayder Mhazres. A ordem veio no mesmo despacho que manteve as duas acusadas presas preventivamente — decisão fundamentada na avaliação de que elas representam “periculosidade acentuada” e poderiam interferir na coleta de provas se soltas.



Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos
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Arte Alfredo Henrique/Metrópoles
As vítimas da serial killer Ana Paula Veloso
Arte/Metrópoles
Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos
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Ana Paula Veloso, apontada pela polícia com a serial killer de Guarulhos
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Criminosa está presa desde setembro
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Na casa dela foi encontrado veneno
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Ana Paula Veloso Fernandes, apontada pela polícia como a serial killer de Guarulhos
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Ana Paula Veloso Fernandes, apontada pela polícia como a serial killer de Guarulhos
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Roberta Veloso, irmã da serial killer de Guarulhos Ana Paula Veloso, também foi indiciada por 4 mortes
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Uma da vítimas foi morta após encontro via app
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Acusada está envolvida em ao menos quatro mortes por envenenamento
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Ana Paula confessou ter matado colega de moradia à polícia
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A convocação da intérprete é mais um capítulo de um caso que ganhou contornos internacionais. Como o Metrópoles revelou, o corpo do tunisiano, sepultado no país de origem, será exumado a pedido da Polícia Civil paulista. O procedimento permitirá um novo exame toxicológico, já que o sangue coletado no Brasil não era suficiente para detectar substâncias de metabolização rápida, frequentemente envolvidas em mortes por envenenamento.
O cenário da audiência
A audiência de abril foi estruturada em um bloco de três dias, prática usada em processos de homicídio com grande volume de testemunhas. No dia 6, serão ouvidos brasileiros que conviveram com Hayder e conhecem detalhes dos últimos movimentos da vítima. No dia 7, entram em cena três brasileiros e Hazem Mhazres, que exigiu a necessidade da intérprete. No dia 8, encerrando o ciclo, as acusadas Ana Paula e Roberta serão interrogadas pessoalmente.
As duas negaram participação nos crimes e tentaram, sem sucesso, encerrar o processo antes da fase de instrução. Ambas argumentaram, por meio da defesa, que a denúncia se apoia em “indícios parciais” e “suposições anêmicas”. O juiz rejeitou as teses por considerar haver elementos suficientes para seguir com a apuração.
O que são audiências de instrução
No jargão jurídico, a audiência de instrução é o momento em que a Justiça “abre o tabuleiro” do processo: testemunhas são ouvidas sob juramento; as partes fazem perguntas diretas com possibilidade de confronto; os réus falam ao juiz, podendo responder ou se manter em silêncio. Com isso, o magistrado, ao final, sai com o material necessário para formar convicção sobre culpa ou inocência.
Morte cruzando fronteiras
A morte de Hayder Mhazres cruzou fronteiras. O corpo foi enviado rapidamente à Tunísia e só agora — por pressão da investigação brasileira — passará por análises mais aprofundadas.
A viabilização da exumação envolveu a Polícia Civil de São Paulo, o Ministério das Relações Exteriores, a Embaixada do Brasil na Tunísia e a Interpol. A família, que inicialmente resistia ao procedimento por motivos religiosos, acabou autorizando a exumação.
A expectativa é que Hazem, com ajuda da intérprete que fará a tradução literal de perguntas e respostas, detalhe o que viu e ouviu antes e depois da morte do irmão. Seu depoimento pode fortalecer ou enfraquecer a tese de envenenamento — ponto central para definir o rumo do processo contra Ana Paula e Roberta em uma das quatro mortes atribuídas às irmãs.




