O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que Moscou assumirá o controle total da região de Donbas “pela força das armas”, caso as tropas ucranianas não se retirem voluntariamente. A declaração, divulgada nesta quinta-feira (4/12), reforça uma das principais exigências do Kremlin enquanto busca-se avançar novas tratativas diplomáticas sobre um possível acordo de paz.
“Ou libertamos esses territórios pela força das armas, ou as tropas ucranianas deixam esses territórios”, disse Putin.
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A Ucrânia rejeita veemente retirar-se do território, alegando que não pretende entregar áreas que Moscou não conseguiu conquistar integralmente no campo de batalha.
A Rússia controla atualmente 19,2% do território ucraniano, incluindo Luhansk, mais de 80% de Donetsk e porções de regiões como Kherson, Zaporizhzhia, Kharkiv e Sumy. Cerca de 5 mil km² de Donetsk permanecem sob comando ucraniano.
Negociações exclusivas entre Moscou e Washington
O Kremlin confirmou, nessa quarta (3/12), que as conversas sobre um acordo de paz estão ocorrendo exclusivamente entre Rússia e Estados Unidos, sem participação europeia. Segundo o assessor presidencial Yuri Ushakov, “a comunicação está ocorrendo somente entre Washington e Moscou”, embora Putin siga dizendo que líderes europeus são “bem-vindos” a dialogar.
A reunião de quase cinco horas entre Putin e os enviados norte-americanos Steve Witkoff e Jared Kushner, realizada na terça (2/12), teve apenas um tema: a guerra na Ucrânia.
Moscou apresentou críticas e sugestões aos documentos levados pelos norte-americanos. Ushakov classificou o encontro como “franco”, “útil” e “construtivo”, afirmando que os contatos continuarão — mas sem previsão de uma reunião entre Putin e Donald Trump.
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Vladimir Putin faz visita ao posto de comando da Força Conjunta
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Volodymyr Zelensky
Gabinete Presidencial da Ucrânia/Divulgação
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O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fala com a imprensa antes da cúpula da União Europeia, na Bélgica
Thierry Monasse/Getty Images
Avanço no front em paralelo a negociações
- Enquanto as negociações avançam discretamente, o campo de batalha continua ativo. Moscou anunciou ter assumido o controle das cidades estratégicas de Pokrovsk e Vovchansk, no leste da Ucrânia.
- Kiev contesta a versão e acusa a Rússia de exagerar ganhos militares em meio ao desgaste das linhas de defesa e dificuldades de mobilização.
- O representante especial do Kremlin, Kirill Dmitriev, celebrou o encontro com uma postagem acompanhada de um emoji de pomba branca, reforçando o simbolismo de um possível avanço diplomático.
- Apesar do tom positivo, o assessor russo enfatizou que “nenhum acordo foi alcançado ainda” e que não há previsão de encontro entre Putin e o presidente norte-americano, Donald Trump.
- A possibilidade dependerá do avanço das tratativas técnicas em curso entre as equipes diplomáticas.
Do lado ucraniano, autoridades embarcaram nesta quinta para Washington, onde foram convidadas a dialogar sobre o plano. O presidente Volodymyr Zelensky tem repetido que Moscou não deve ser “recompensada” por iniciar a guerra e rejeita qualquer cessão territorial.
Na quarta-feira, Donald Trump alfinetou Zelensky, afirmando que o ucraniano “demorou muito” para começar a negociar com a Rússia. ““Eu disse ‘vocês não têm cartas na manga’”, declarou Trump a repórteres na Casa Branca, referindo-se ao encontro que teve com ucraniano. “Aquele era o momento de negociar. Achei que teria sido um momento muito melhor para negociar… Eles têm muitas coisas contra eles agora”.
