Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 21 anos por envolvimento na trama golpista, Filipe Martins teve prisão domiciliar decretada neste sábado (27/12), pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele atuou como assessor especial da Presidência da República na gestão bolsonarista.
Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro César Cid disse que o então assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência foi o responsável por mostrar a minuta de decreto golpista ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Martins também foi acusado de fazer símbolos nazistas, tendo repetido o sinal de supremacia branca (“white power”) em 2021, durante uma sessão do Senado Federal. Na ocasião, Martins foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF), mas acabou absolvido pelo juiz da 12ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, Marcus Vinicius Reis Bastos.
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De acordo com o perfil de trabalho dele nas redes sociais, Martins é graduado desde 2015 em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UNB). Também há informações de que ele fala seis idiomas: africano, espanhol, francês, inglês, português brasileiro, e latim. No LinkedIn, ele se descrevia como “professor de Política Internacional, analista político, e Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais”.
No perfil, ele preenche ainda os cargos de assessor econômico na Embaixada dos Estados Unidos da América (EUA), de 2014 a 2016, onde, entre outras funções, realizava a “elaboração de pesquisas, estudos e relatórios sobre a conjuntura política e econômica do Brasil, com ênfase na relação bilateral com os EUA”.
Martins ocupou ainda o cargo de Coordenador-Adjunto do Grupo de Trabalho de Relações Exteriores do Governo de Transição, entre 2018 e 2019, e sido Secretário de Assuntos Internacionais no Partido Social Liberal (PSL) por dois anos, de 2018 a 2020. Ele também é retratado, no LinkedIn, como professor de Política Internacional e Segurança na Estratégia Concursos.
Núcleo 2
Filipe Martins é um dos condenados pela Primeira Turma do STF no julgamento do núcleo 2 da trama golpista. Ele e aliados faziam parte do núcleo responsável pela elaboração da “minuta do golpe”, pelo monitoramento e pelo plano de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, além de articulação dentro da PRF para dificultar o voto de eleitores da Região Nordeste nas eleições de 2022.
Veja os condenados do núcleo 2:
- Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais do ex-presidente Jair Bolsonaro: 21 anos de prisão;
- Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF): 24 anos e 6 meses de prisão;
- Mário Fernandes, general da reserva do Exército: 26 anos e 6 meses de prisão;
- Marcelo Câmara, coronel do Exército e ex-assessor de Bolsonaro: 21 anos de prisão; e
- Marília de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça: 8 anos e 6 meses de prisão.
O delegado de carreira da Polícia Federal (PF) e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça Fernando de Sousa Oliveira foi absolvido por falta de provas.
