Uma lista que expõe os rostos mais procurados de cada Unidade da Federação foi divulgada nessa segunda-feira (8/12) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A relação, que integra o Projeto Captura, reúne 216 foragidos apontados por órgãos estaduais. Apenas três dos nomes são de mulheres.
Os procurados incluídos na lista foram selecionados a partir de uma “matriz de risco”, critérios que levam em conta a gravidade dos crimes praticados, o envolvimento em organizações criminosas, a existência de múltiplos mandados de prisão e a atuação interestadual. Confira os nomes:
Cada estado utilizou essa matriz de risco para indicar até oito nomes considerados estratégicos para o enfrentamento ao crime organizado, priorizando alvos cuja captura tem impacto direto na desarticulação de facções e na redução da atividade criminosa. O objetivo é padronizar informações, aprimorar o compartilhamento de dados entre forças policiais e acelerar buscas.
A ferramenta também permite que a população colabore com informações, garantindo anonimato.
Como denunciar?
- Acesse o site do MJSP para consultar a lista completa;
- Selecione o estado onde o alvo da denúncia está localizado;
- Depois o denunciante terá acesso ao nome, foto e CPF dos criminosos;
- Informações sobre o paradeiro dos foragidos podem ser repassadas à Polícia Militar (190), Polícia Civil (197) ou pelo Disque Denúncia (181).
A iniciativa faz parte de um esforço nacional voltado à localização e prisão de criminosos de alta periculosidade. Uma célula operacional do Programa Captura será instalada no Rio de Janeiro – decisão motivada pelo fato de que foragidos de várias regiões costumam se esconder no estado. A estrutura deve apoiar operações locais e agilizar o fluxo de informações entre as polícias.
Os foragidos mais “famosos” da lista
André Oliveira Macedo — “André do Rap”
Um dos nomes de maior repercussão nacional e internacional, André do Rap figura entre os principais articuladores do envio de cocaína do Primeiro Comando da Capital (PCC) para portos europeus. Investigações apontam que ele atuava como elo direto entre fornecedores sul-americanos e grupos estrangeiros especializados em escoar grandes carregamentos. Seu padrão de vida, marcado por viagens frequentes e uso de documentos falsos, dificultou por anos o rastreamento de sua movimentação.
Ele está foragido desde 2020, após uma decisão de soltura emitida pelo então ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Horas depois, a medida foi revogada, mas o traficante já havia deixado a penitenciária e não foi mais localizado.
Diego dos Santos Amaral — “Didi”
Ligado ao PCC, é apontado como um dos mandantes do assassinato do corretor de imóveis e delator Vinícius Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos, em 2024. Investigações mostram que policiais militares foram contratados para executar o crime. Didi foi indiciado por homicídio doloso. De acordo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), o criminoso lavava dinheiro para a facção por meio de sua construtora, a Maximus.
Emílio Carlos Gongorra Castilho — “Cigarreira” ou “Bill”
Conhecido tanto por sua articulação interna no PCC quanto por sua capacidade de transitar entre facções fluminenses, “Cigarreira” é apontado como um operador-chave na circulação de drogas e armas entre estados. Investigações sugerem que ele atuava como interlocutor de interesses do PCC dentro de territórios dominados pelo Comando Vermelho (CV) e pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Ele é apontado como outro mandante do assassinato de Vinícius Gritzbach.
Edgar Alves de Andrade — “Doca”
Doca se tornou uma das figuras mais influentes do Comando Vermelho após assumir funções de coordenação fora das prisões. Ele é associado à supervisão de operações armadas e ao comando de grupos que controlam áreas como os complexos da Penha e do Alemão.
Doca era o principal alvo da Operação Contenção, ocorrida em outubro deste ano no Rio, a mais letal da história do Brasil. Ele conseguiu escapar da ação, segundo as autoridades, com apoio de integrantes da facção que formaram uma barreira armada para impedir sua captura. Desde então, o Disque Denúncia oferece R$ 100 mil – maior recompensa já oferecida no país – por informações que levem à prisão dele.
Álvaro Malaquias Santa Rosa — “Peixão”
Peixão é chefe do Complexo de Israel, localizado na Zona Norte do Rio. A facção se intitula como “evangélica”. Os integrantes costumam usar símbolos como a Estrela de Davi e a bandeira israelense. Moradores relatam que ele mantém uma rede de informantes e um sistema de monitoramento permanente da circulação policial.
Com quase 80 anotações criminais, Peixão está entre os criminosos mais procurados do estado e nunca foi capturado. Investigações mostram que ele atua na administração de bocas de fumo, na supervisão de soldados armados e na cobrança de taxas de comerciantes, garantindo renda contínua à facção e ampliando sua influência.
Bernardo Bello Pimentel Barboza
Diferentemente de chefes de facção ligados ao tráfico, Bernardo Bello construiu poder por meio da contravenção e do controle do jogo do bicho no Rio. O bicheiro responde a diversos inquéritos que vão desde lavagem de dinheiro até homicídios encomendados contra concorrentes. Ele foi inspiração para o personagem “Profeta”, protagonista da série da Netflix “Os Donos do Jogo”.
Em janeiro de 2022, após desembarcar de Dubai, ele foi preso em Bogotá durante ação conjunta da Polícia Civil e do Gaeco/MPRJ. Na época, a Interpol o classificava como “perigoso” e “violento”, reforçando sua inclusão na difusão vermelha.
Meses depois, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para que Bello respondesse ao processo em liberdade, com obrigações como se apresentar periodicamente à Justiça. Segundo o Ministério Público, ele descumpriu as medidas e voltou a ser tratado como foragido no fim de 2022. Alvo da Operação Fim de Linha, que apura corrupção e lavagem de dinheiro no jogo do bicho, ele não foi localizado nas diligências e segue procurado.
