A revista americana de moda Vanity Fair vem sendo acusada de adotar um viés político tendencioso, após a publicação de uma série de artigos sobre o primeiro ano do segundo governo de Donald Trump. O fotógrafo do compilado, Christopher Anderson, foi apontado por críticos como alguém que teria, de forma intencional, buscado retratar figuras-chave do círculo político do atual presidente dos Estados Unidos de maneira “pouco lisonjeira” e até “maliciosa”.
Vem entender!
Revista de moda é criticada
Na manhã de terça-feira (16/12), a Vanity Fair publicou um artigo que continha entrevistas e retratos de integrantes do círculo íntimo de Trump, incluindo o vice-presidente JD Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles. As imagens foram amplamente criticadas pelo público, por se tratarem de registros extremamente próximos do rosto de cada um dos profissionais. Feitas sob luz dura e com pouco, quase nenhum, retoque de pele, as fotos evidenciam linhas de expressão, poros e olheiras das figuras públicas.
Leia também
-
Arezzo processa Shein por réplica e se frustra com decisão da Justiça
-
Fazenda ligada à Brooksfield tinha trabalhadores em situação precária
-
Zara mira o luxo para evitar concorrência com mercado chinês
“Pelo visto, eles colocaram na câmera uma lente emprestada do Telescópio Espacial Hubble”, ironizou o apresentador do talk show americano The Late Show, Stephen Colbert.
You can tell Vanity Fair’s ‘journalism’ rigor just by the photos their editors chose. pic.twitter.com/HOqYIx76KU
— Jesús Enrique Rosas – The Body Language Guy (@Knesix) December 17, 2025
Entre as críticas feitas pelo público, destaca-se a acusação de que a revista teria evidenciado seu viés político. Para parte dos leitores, por se tratar de uma publicação de moda, o olhar estético da equipe por trás do artigo — reconhecidamente apurado — estaria naturalmente preparado para “deixar qualquer pessoa bonita, como uma estrela de cinema”, como afirma o consultor de moda André do Val. “Parece um episódio da série Veep”, acrescenta.
Trump’s cabinet poses for Vanity Fair. pic.twitter.com/ammULZmDbK
— The XO Show
(@latenightxoshow) December 16, 2025
(@latenightxoshow)
Ao alternar entre cenários carregados de informação e paredes vazias, uma internauta apontou que o uso do espaço pelo fotógrafo funcionaria como uma estratégia para “diminuir e ridicularizar” as figuras públicas, reduzindo-as a meros objetos de cena em meio ao excesso visual e fazendo com que parecessem menores do que realmente são. “Fotografia e enquadramento são escolhas. O fotógrafo fez uma escolha”, acrescentou.
O diretor editorial global da Vanity Fair, Mark Guiducci revelou que, quando Anderson começou a fotografar, o vice-presidente JD Vance brincou nos bastidores: “É aqui que você diz que somos todos malignos?”. No artigo, Guiducci também o citou dizendo: “Dou 100 dólares por cada pessoa que você fizer parecer realmente uma merda em comparação comigo. E 1.000 se for o Marco [Rubio].”
It is obvious to most people that Vanity Fair deliberately manipulated pictures and reported statements without context to try and make the WH team look bad
And there is nobody more loyal or committed to President Trump’s mission than Susie Wiles. She is one of the main reasons…
— Marco Rubio (@marcorubio) December 17, 2025
Karoline Leavitt ganha close ainda maior
O fotógrafo Christopher Anderson revelou, em entrevista, que fotografou cada integrante da administração da mesma maneira, em uma tentativa de “romper com a imagem que a política quer projetar e alcançar algo que seja mais verdadeiro”. No entanto, no caso da secretária de imprensa Karoline Leavitt, o fotógrafo optou por um close ainda mais próximo do que o feito com os demais. “Dá para ver até as marcas de injeção do preenchimento labial”, comentou uma internauta.
Susie Wiles critica artigo
Apesar de não comentar sobre as fotografias, a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, recorreu ao X na manhã de terça-feira (16/12), para rebater o autor responsável por seu artigo, Chris Whipple:
“O artigo publicado no início desta manhã é um ataque disfarçado e tendencioso contra mim e contra o melhor presidente, a melhor equipe da Casa Branca e o melhor gabinete da história”, afirmou.
Suas fotos foram ironizadas como um “jump scare sem aviso” por internautas. Além do destaque para as rugas e falhas na maquiagem, a expressão da chefe de gabinete parecia de susto, ou até mesmo desconforto, com sobrancelhas arqueadas e olhos arregalados.
But Suzie, there are tapes pic.twitter.com/UgCGWEzU5a
— Michael Salfino (@MichaelSalfino) December 17, 2025
Fotógrafo se posiciona
Em entrevista ao The Independent, o fotógrafo Christopher Anderson afirmou que o estilo close das fotografias dos políticos são coerentes com o restante do seu trabalho. Seu currículo inclui colaborações com publicações de prestígio como o New York Times, Esquire e The Wall Street Journal, além de já ter recebido a Medalha de Ouro Robert Capa por registros feitos de imigrantes haitianos navegando rumo aos Estados Unidos.
“Os retratos muito próximos sempre foram uma marca recorrente do meu trabalho ao longo dos anos. Em especial nos retratos políticos que venho fazendo. Gosto da ideia de penetrar no teatro da política”, afirmou.
Ver essa foto no Instagram
Um post compartilhado por Christopher Anderson (@christopherandersonphoto)
O criticismo em relação ao trabalho feito para a série de artigos foi tão grande, que levou o público a afirmar que a Vanity Fair estaria revelando um viés político tendencioso, ao retratar figuras-chave do círculo de Trump de maneira pouco lisonjeira. “Eu sei que muita gente interpreta como ‘ah, ele está tentando de propósito fazer as pessoas parecerem mal’, esse tipo de coisa — mas não é o caso. Se você olhar o meu trabalho fotográfico, verá que fiz muitos closes no mesmo estilo com pessoas de todas as correntes políticas”, acrescentou Anderson.
Ver essa foto no Instagram
Um post compartilhado por Christopher Anderson (@christopherandersonphoto)