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    Sabesp, pedágios e gafes viram dor de cabeça para Tarcísio em 2026

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    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve enfrentar artilharia de adversários contra sua administração em assuntos, hoje já explorados, que vão de pedágio à Sabesp, empresa de abastecimento de água privatizada por ele.

    Tarcísio vinha sendo cotado para a Presidência da República, mas a chance caiu após o senador Flávio Bolsonaro (PL) anunciar que deve disputar o cargo no ano que vem por escolha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    Com isso, aumentam as chances de que o governador seja candidato à reeleição e, consequentemente, mais cobrado por problemas locais.

    “Pedágio de Freitas”

    Um dos pontos que têm dado mais dor de cabeça a Tarcísio é a instalação em massa dos chamados pedágios “free flow”, que fazem cobrança automática dos veículos. Até o fim do ano, 37 pedágios do tipo devem estar em funcionamento.

    A oposição tem aproveitado para alvejar Tarcísio, com postagens e até animações feitas com inteligência artificial. Então deputado federal, o hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), por exemplo, chamou o governador em suas redes de “Pedágio de Freitas”.

    A deputada Tabata Amaral (PSB) foi outra que explorou o assunto. “Você pode ser cobrado pra circular no estado de São Paulo sem nem perceber. O novo sistema de pedágio, chamado free flow, usa tecnologia que poderia facilitar a nossa vida. Mas, do jeito que está sendo implementado pelo governador Tarcísio, virou mais uma dor de cabeça”, escreveu em sua rede social.

    O argumento em defesa desses equipamentos é que eles trazem “justiça tarifária”, uma vez que a cobrança é feita por quilômetro percorrido. No entanto, o termo é muito mais complicado do que “indústria da multa”, pecha que a oposição tenta carimbar na gestão de Tarcísio.

     

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    Sabesp na mira

    Tarcísio tem a privatização da Sabesp como uma das principais bandeiras de sua gestão. No entanto, esse é outro tema em que os argumentos a favor –como o aumento de ligações de esgoto –viralizam muito menos que os contrários.

    Um dos vídeos que têm sido explorado mostra Tarcísio em uma entrevista para a TV Globo, na qual ele promete que a conta de água seria mais barata após a privatização da Sabesp.

    O ano de 2026, no entanto, começará com um reajuste de 6,11% nos valores –o que, segundo a gestão, equivale à correção da inflação nos últimos 16 meses, período usado como referência desde a privatização da empresa.

    O líder da oposição na Alesp, Antonio Donato (PT), aproveitou para atacar o governador.

    “Tarcísio enganou você. Disse que a privatização da Sabesp não teria reajuste da tarifa. Governador bolsonarista vendeu a empresa a preço de banana e agora autoriza aumento pra engordar o lucro dos novos donos”, postou o pestista em suas redes.

    Além de pagar mais caro, a população também corre o risco de ficar sem água bem no ano eleitoral. O Sistema Cantareira, principal reservatório de abastecimento de água do estado, registra o menor nível em quase 10 anos. Com pouco mais de 20% do volume total disponível, o Cantareira é responsável por abastecer, aproximadamente, metade da população da Grande São Paulo.

    Diante desse cenário, a Sabesp adota, desde 27 de agosto, a redução da pressão da água no período noturno para reduzir perdas por vazamentos, que acontecem principalmente durante a madrugada. De acordo com a companhia, a medida está sendo aplicada das 19h às 5h, em toda a região metropolitana. A ação é preventiva, com o objetivo de preservar os reservatórios que abastecem a região.

    Em algumas localidades da cidade, a redução de pressão equivale a uma espécie de racionamento, uma vez que, na prática, o fornecimento acaba sendo interrompido.

    Corrupção

    No embate com a oposição, o governo Tarcísio tem sido alvo de críticas por casos de corrupção que, de alguma forma, resvalaram na administração. O principal deles é a operação que envolveu fraudes bilionárias no ICMS, realizadas por auditores fiscais da Secretaria da Fazenda (Sefaz).

    O ponto mais sensível nessa seara é o acordo de delação que o fiscal Artur Gomes da Silva Neto está fazendo com o Ministério Público de São Paulo (MPSP), hoje em fase de análise das provas apresentadas pelo auditor.

    Silva Neto é apontado como o principal operador do esquema de fraude tributária que beneficiou varejistas, como a Ultrafarma e a Fastshop, em troca de R$ 1 bilhão em propina.

    Outro ponto que chamuscou o governo foi o caso, revelado pelo Metrópoles, em que documentos mostram que a atual cúpula da Secretaria da Agricultura, comandada pelo secretário Guilherme Piai, atuou para encerrar apuração interna sobre suspeitas em contratos de R$ 50 milhões para reforma de estradas rurais do Programa Melhor Caminho.

    Os problemas nos contratos ocorreram na gestão do ex-governador Rodrigo Garcia (ex-PSDB) e chegaram a ser denunciados na atual gestão. No entanto, documentos mostram que, no mesmo dia em que o antigo secretário da Agricultura Antonio Junqueira comunicou sua saída a Tarcísio, a atual chefia da pasta iniciou o movimento que travou as investigações no âmbito da secretaria.

    O grupo político de Tarcísio também foi acusado por adversários de tentar limitar o poder da Polícia Federal, que investigava escândalos na polícia paulista, em uma das versões do PL Antifacção apresentadas pelo deputado federal Guilherme Derrite (PP), ex-secretário da Segurança Pública.

    Sabesp, pedágios e gafes viram dor de cabeça para Tarcísio em 2026 - destaque galeria7 imagensTarcísio de Freitas e Jair BolsonaroTarcísio assina acordo com o presidente Lula e o vice, Geraldo AlckminTarcísio de Freitas dá início à operação do Tatuzão nas obra da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo

Tarcísio e o prefeito da capital, Ricardo NunesTarcísio de Freitas, na B3, durante leilão do Trecho Norte do RodoanelFechar modal.MetrópolesO governador Tarcísio de Freitas, durante balanço de fim de ano, em 20231 de 7

    O governador Tarcísio de Freitas, durante balanço de fim de ano, em 2023

    Francisco Cepeda/Governo do Estado de SPTarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro2 de 7

    Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro

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    Tarcísio assina acordo com o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin

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    Tarcísio e o prefeito da capital, Ricardo Nunes

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    Tarcísio de Freitas participa da Marcha para Jesus em São Paulo

    Fabio Vieira/Metrópoles

     Gripezinha de Tarcísio

    O governador também é alvo de críticas devido a frases ditas durante entrevistas a jornalistas. Em plena crise causada pela contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, ele brincou ao dizer que “no dia que começarem a falsificar Coca-Cola, eu vou me preocupar.”

    A frase foi comparada por adversários de Tarcísio a atitudes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a pandemia, como quando ele disse que a doença era uma “gripezinha” e também quando imitou pessoas sem ar.

    Acuado pela repercussão da frase, Tarcísio foi às redes para se desculpar. Ele gravou um vídeo no qual disse “não ter compromisso com o erro”, pedindo desculpas a parentes de vítimas e comerciantes afetados pela crise gerada com a  adulteração de bebidas. O assunto, porém, deve ser rememorado por adversários no ano eleitoral.

    Outra declaração que afetou Tarcísio foi durante o 7 de Setembro, quando ele chamou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de ditador. O governador pediu desculpas ao ministro do Supremo, mas o estrago para a imagem de moderado já estava feito.

    No ano passado, em um cenário em que mais de uma centena de pessoas havia sido morta pela polícia, o governador também subiu o tom e foi criticado por isso.

    “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, disse, no início de março.

    No fim do ano, ele demonstrou postura mais moderada e recuou em suas críticas às câmeras corporais dos policiais. Ele afirmou que os equipamentos eram um fator de contenção da polícia e que “precisamos, sim, de contenção”.