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    Seca lembra crise de 2014 e SP não descarta rodízio de água em 2026

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    O governo estadual e especialistas não descartam a possibilidade de que o rodízio no fornecimento de água seja implementado na Grande São Paulo em 2026, caso a escassez no abastecimento hídrico se agrave nos próximos meses.

    Com previsão de chuvas abaixo da média no verão e vazão muito abaixo da média histórica, a seca hoje lembra o período pré-crise hídrica de 2014, embora as autoridades vejam similaridade com 2021.

    Até o momento, a quantidade de água que entrou no Sistema Cantareira é de 40% da média histórica para dezembro (20 m³/s, de um total de 50 m³/s esperado). O nível do reservatório também é menor que o registrado às vésperas da crise hídrica, com 20,4%, ante 28% de dezembro de 2013.

    A soma de todas as represas que abastecem a Grande São Paulo também mostra que o nível está abaixo do que em 2013. São 26,5% agora ante 42,1% na ocasião, embora se conte agora com o Sistema São Lourenço, por exemplo, inexistente na primeira metade da década passada.

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    A diferença apontada tanto por especialistas quanto por autoridades é que, agora, o sistema é mais “resiliente”, com integrações entre as represas e transposições que fazem o Cantareira, por exemplo, receber cerca de 8 m³/s da bacia do Rio Paraíba do Sul para minimizar os problemas.

    Diretora-presidente da SP Águas, Camila Viana afirma que foi traçado um plano de contingência, observando todo o ciclo hidrológico, que se encerra no fim do terceiro trimestre de 2026.

    “(A elaboração do plano de contingência é) Para que a gente chegue ao final de setembro de 2026 com um patamar mínimo, não uma meta, mas um mínimo de segurança, que é 30% de reservação no Sistema Integrado Metropolitano, que é esse agregado dos sete sistemas produtores”, diz.

    Rodízio de água

    A responsável pela SP Águas, que é ligada à Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), afirma que os levantamentos realizados até agora mostram um cenário similar não ao de 2014, mas ao de 2021, que foi um ano bastante seco.

    “O ano de 2021 foi um ano bastante seco, tal como está sendo agora, mas o período chuvoso que está começando agora, de fato, ele vai ser bastante importante para que a gente tenha uma clareza do quanto vai ser possível de recuperação dos reservatórios”, diz.

    Camila afirma também que, a partir do fim do período de chuvas e no começo da estiagem, entre abril e maio, será possível fazer prognóstico mais acertado do que ocorrerá.

    “A gente depende bastante do período chuvoso para que haja uma recuperação expressiva dos reservatórios e, para isso, já estão sendo adotadas medidas restritivas do ponto de vista de demanda, como é a gestão da demanda noturna de 10 horas”, lembra.

    A presidente da SP Águas afirma que as faixas de contingência são adotadas justamente para evitar que a situação piore, mas nem mesmo o rodízio, enquanto última alternativa, está descartado.

    “O rodízio é a última medida e que, em grande parte, vai depender de como se dá esse comportamento dos reservatórios no período chuvoso”, diz Camila. “Tanto é algo que está no horizonte que está dentro do planejamento das faixas de atuação, e que depende agora de como a gente vai ter o comportamento no ciclo hidrológico”, diz.

    Com relação às obras, a presidente da SP Águas informa também que a transposição do Itapanhaú para o Sistema Alto Tietê foi antecipada e já está em operação. Outras também estão previstas para 2026, como forma de evitar medidas mais restritivas, como o rodízio.