Em um Estado historicamente conservador como São Paulo, possivelmente é uma vantagem para Tarcísio de Freitas (Republicanos) apresentar-se como bolsonarista de berço, embora não de ideias radicais. Foi assim, afinal, que ele se elegeu governador em 2022, e poderá se reeleger no próximo ano.
Fora dali, porém, se candidato a presidente, Tarcísio enfrentará dificuldades. Tanto mais porque Bolsonaro foi condenado e está preso, impedido de participar mesmo que indiretamente de atividades políticas. Desde já, o PL, seu partido, quebra a cabeça para evitar que ele desapareça por completo.
Tarcísio teme a pecha de traidor caso fosse obrigado a esconder suas estreitas ligações com Bolsonaro. Aprendeu na época em que foi militar que um soldado não abandona o outro ferido ou morto em campo de batalha. Ajuda-o na retirada. Ou ajuda a recolher seu corpo para proporcionar-lhe um enterro digno.
Não bastasse, Tarcísio faz questão de renovar a promessa de indultar Bolsonaro se um dia como presidente subir a rampa do Palácio do Planalto. Isso lhe será cobrado à exaustão ao longo da campanha por seus adversários, e lhe custará muitos votos país afora. Esse, portanto, é seu principal dilema.
É também o dilema do Centrão, que gostaria de dar as costas a Bolsonaro, mas não pode, porque depende dos votos dele para derrotar Lula e eleger seus candidatos nos demais Estados. Goste-se ou não, foi Bolsonaro que inventou a direita que hoje bate no peito orgulhosa e se assume como tal. Antes, sentinha vergonha.
A direita direita terá de pagar algum tipo de pedágio a Bolsonaro. Seria um suicídio político ignorá-lo. Ela sabe. Só não sabe ainda como fará sem ter que arcar com tantos danos.
A esquerda não deixará que Bolsonaro saia de cena. Para vencer ou não se dar tão mal, ela também precisa dele algemado a uma tornozeleira. A Inteligência Artificial se encarregará do resto.
