Recentemente reaberto para o Metrópoles Catwalk, o foyer da Sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional Claudio Santoro, assume um novo papel ao se converter em palco para É Pau, É Pedra…. A exposição, aberta ao público em 10 de dezembro, apresenta no Distrito Federal um conjunto de obras do escultor Sergio Camargo e reafirma a atualidade de um artista fundamental da escultura brasileira.
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Uma das curiosidades de Camargo é sua versatilidade e comprometimento com a arte. Até se encontrar, ele passou por diversos estilos de escultura. Um dos períodos de maior produção foi quando morou na Europa, em especial em Paris e em Massa, na Itália.
Camargo viveu a efervescência parisiense nas décadas de 1960 e 1970. Frequentou como ouvinte, por quatro anos, o curso de sociologia da arte ministrado por Pierre Francastel, na École Pratique des Hautes Études.
Lá, buscou novo método de trabalho a fim de romper com o formalismo de sua fase anterior. Para isso, pressiona o gesso em dobras aleatórias com pedaços de tecido ou realiza relevos invertidos: sobre um leito de areia, faz furos com os dedos ou com pincéis e depois joga o gesso que, uma vez endurecido, resulta no positivo do negativo, posteriormente fundindo-os em bronze.
Em 1963, ainda em busca de um estilo artístico, se instalou em ateliê em Malakoff, no sul de Paris. Retoma preocupações formais mais sistemáticas, incorporando a elas o elemento de acaso e autogeração implícito nos trabalhos em gesso da fase anterior.
Processo criativo de Sergio Camargo
A volta à “ordem” é marcada por um desses lampejos de iluminação que surgem em meio ao cotidiano. Ao cortar uma maçã para comer, fatia quase metade da fruta. Em seguida, faz outro corte, em ângulo diferente, para retirar um pedaço dela. Os dois planos criam uma relação de luz e sombra que o fascina. Tal encontro paradoxal entre natureza e cultura veio a ser uma questão central em todos os trabalhos subsequentes do artista.
Então, inicia a série dos Relevos: cilindros de madeira dispostos sobre o plano e pintados de branco, nos quais ritmos e estruturas são revelados pela incidência da luz.
Passada a criação da técnica, inscreve três relevos, até então inéditos, na 3ª Bienal de Paris, em 1963, e obtém o Prêmio Internacional de Escultura. O relevo n. 1 é adquirido pelo Centre National d’Art Contemporain. Uma exposição com os premiados da Bienal foi posteriormente apresentada em Annecy, Nice, Lyon e Le Havre. Agora, alguns deles estão disponíveis ao público, gratuitamente, no coração do Planalto Central.
Serviço
Exposição É Pau, é Pedra…, de Sergio Camargo, realizada pelo Metrópoles
Visitação de 10 de dezembro a 6 de março, no Foyer da Sala Villa-Lobos, no Teatro Nacional. Diariamente, das 12h às 20h