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    Suor humano explica por que algumas pessoas atraem mais mosquitos

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    Quem nunca ouviu outra pessoa dizer que tem o “sangue doce” para os mosquitos porque está sempre cheia de picadas? A verdade é que esse senso comum está errado. Há outro fator que faz com que os insetos e outros animais — até os cães — se atraiam: o suor humano.

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    No entanto, o suor por si só não é o único atrativo. O corpo humano, como um todo, emite estímulos químicos, térmicos e até respiratórios que chamam os animais. Nesse caso, algumas pessoas acabam sendo mais “chamativas” do que outras, o que não tem nenhuma relação com “sangue mais doce”.

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    Fatores que atraem os animais

    Aline Passos, médica generalista, afirma que o principal atrativo a longa distância é o dióxido de carbono (CO₂), que é eliminado pela respiração. Entre outros, estão o ácido lático e úrico, o calor corporal e até a umidade da pele. “Funcionam como uma assinatura bioquímica, permitindo que o inseto identifique o humano como fonte de alimento (sangue)”, diz.

    Suor humanoSão os compostos do suor que atraem os mosquitos

    Aline também menciona que a atratividade varia significativamente entre os indivíduos, sendo influenciada por fatores genéticos, metabólicos, hormonais e ambientais.

    Confira alguns deles, segundo a especialista:

    • Genética individual, que influencia a composição do suor e da pele.
    • Produção e composição do suor, especialmente em pessoas com maior atividade das glândulas écrinas.
    • Microbiota da pele, já que diferentes bactérias produzem diferentes odores.
    • Temperatura corporal basal mais elevada.
    • Atividade física recente, que aumenta a liberação de ácido lático e CO₂.
    • Gestação.
    • Ingestão de álcool, que promove alteração do odor corporal.

    “Esses fatores explicam por que, em um mesmo ambiente, algumas pessoas são desproporcionalmente mais picadas do que outras”, esclarece a médica generalista.

    O que explica o odor

    De acordo com a profissional, o odor está associado à ação dos micro-organismos da pele, e não ao suor recém produzido. “Bactérias da pele metabolizam secreções glandulares e liberam lipídios, aminoácidos e proteínas. Esse metabolismo resulta na produção de compostos orgânicos, responsáveis pelo odor corporal.”

    mulher passando repelenteRepelentes tópicos contendo substâncias como DEET, icaridina (picaridina) ou IR3535 possuem eficácia comprovada

    Além disso, o suor das glândulas apócrinas, localizadas principalmente nas axilas e região genital, contém secreções mais ricas em substâncias orgânicas, que servem como “alimento” para as bactérias. Isso intensifica o odor característico que conhecemos.

    Aline ainda acrescenta que, a depender da composição química, produtos como perfumes, cremes e repelentes podem interferir na atração. “Repelentes com substâncias como a icaridina possuem eficácia comprovada, pois bloqueiam ou confundem os receptores olfativos, inibindo o pouso e a detecção dos compostos atrativos do suor.”

    No caso dos cosméticos, os que possuem fragrâncias florais ou adocicadas são mais chamativos. Os famosos óleos essenciais, como citronela, exercem efeito repelente leve, com duração limitada.

    “A escolha adequada de produtos tópicos é um fator relevante na modulação da atração de insetos”, afirma a profissional.

    E os outros animais?

    Aline também comenta que outros bichos podem perceber o suor humano. “Animais com sistema olfativo altamente desenvolvido, como os cães, são capazes de detectar e discriminar o odor do suor humano com extrema precisão.”

    cachorro lambendo pessoaOs cachorros também costumam se atrair

    Para os cachorros, por exemplo, isso não se trata de uma mera característica biológica. Eles podem utilizar o olfato para identificar as alterações em contextos de apoio emocional, diagnóstico e de treinamento — como no caso dos cães de trabalho.

    “Essa capacidade é utilizada em diversos contextos: busca e salvamento, perícia e segurança, detecção médica, para reconhecer alterações no odor associadas a hipoglicemia, crises convulsivas e infecções, e reconhecimento emocional, já que estresse, medo ou ansiedade alteram a química do suor”, conclui a expert.