MAIS

    Tarcísio adota tom de pacificação e diálogo após indicação de Flávio

    Por

    O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), passou a adotar, em seus últimos discursos, um tom de pacificação e de críticas à polarização política no país.

    Tido como o nome favorito do Centrão e do mercado financeiro para a disputa pela Presidência da República em 2026, Tarcísio passou a criticar a ausência de diálogo entre adversários políticos. O tema tem feito parte das falas públicas do governador após o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) ao Palácio do Planalto.

    “Você pode discordar na arena política, não tem problema. Isso acontece com a oposição na Assembleia Legislativa. Mas você não tem que ser inimigo. Tem que construir e sentar na mesa. Porque os desafios do Brasil são grandes. O Brasil tem uma crise fiscal que está contratada. E ela vai estourar. E como que a gente vai sair dela?”, afirmou Tarcísio, durante agenda no Palácio dos Bandeirantes, nessa segunda-feira (15/12).

    “Se a gente não organizar a política, a gente não vai organizar o país. Isso é fundamental e demanda liderança. Mas, aqui em São Paulo, temos dado o exemplo”, completou.

    Embora Tarcísio siga como postulante à reeleição em São Paulo, posição reforçada após a indicação de Flávio como candidato, o governador não deixou de falar de temas nacionais em suas declarações.

    A postura alimenta entre aliados o sentimento de que o governador paulista ainda segue como opção para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.

    A interlocutores, Tarcísio tem dito que apoiará Flávio, reforçando sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas que não deve atuar de forma tão direta na campanha do filho 01. O governador também ressalta que outros nomes da direita estão na corrida e chegou a dizer que ainda há um tempo de “maturação” para a viabilidade da candidatura de Flávio.

    Leia também

    Em meio à crescente tensão entre os Poderes em Brasília, com a aprovação do PL da Dosimetria pela Câmara dos Deputados e o desgaste entre o governo Lula e o Senado após a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio também passou a ressaltar a boa relação do Executivo paulista com a Assembleia Legislativa de São Paulo e com a Justiça.

    Segundo o governador, o estado tem dado “exemplo sobre harmonia entre Poderes” ao Brasil.

    “Porque aqui os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário caminham juntos. Não brigam. Não tem disputa, não tem nada disso. Pelo contrário, está todo mundo olhando o interesse do cidadão. Então, a gente dá um exemplo do que é institucionalidade. As pessoas esqueceram o que é isso”, disse Tarcísio no mesmo discurso.

    Diálogo com Lula e evento com Moraes

    Na última sexta-feira (12/12), Tarcísio esteve ao lado de Lula na cerimônia de lançamento do canal “SBT News”, na sede da emissora em Osasco, na Grande São Paulo. Em seu breve discurso, o governador paulista também fez críticas à “polarização acirrada” no Brasil.

    “Um momento de polarização acirrada, de polarização afetiva, onde as pessoas às vezes se odeiam simplesmente porque pensam diferente. Logo aqui, no Brasil, o país do sincretismo, o país da tolerância, está na hora de mudar essa chave”, disse Tarcísio.

    O governador ainda afirmou que “está na hora de virar a chave”. “Nós podemos, sim, pensar diferente. O debate vai acontecer na arena política. Mas a gente tem como construir a convergência. Um projeto de futuro”, concluiu.

    A fala de Tarcísio destoa do tom adotado em outros momentos deste ano, quando chegou a gritar “Fora PT” no palanque da avenida Paulista e chamar de tirano o ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do processo da trama golpista que culminou na prisão de Bolsonaro.

    Moraes, inclusive, também estava no evento do SBT e chegou a ter parte do discurso aplaudido timidamente por Tarcísio, no momento que o magistrado elogiou a atuação de Lula nas conversas com os EUA para que o governo de Donald Trump retirasse as sanções contra ele e sua esposa.

    O fato de dividir o palco com Lula e Moraes, além da imagem do governador aplaudindo o ministro, gerou críticas de bolsonaristas a Tarcísio nas redes sociais. A presença do petista e do ministro no evento também foi alvo de ataques de Flávio Bolsonaro.

    Após os discursos, Tarcísio teve uma breve conversa com Lula, ao lado do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). O encontro teve ares de diplomacia e cordialidade. Após a cerimônia, Tarcísio cumprimentou o presidente com um aperto de mão e conversou com o petista sobre os problemas de restabelecimento de energia nas cidades atendidas pela Enel, responsável pela concessão que é de responsabilidade da União.

    O governador, que cobra uma intervenção federal na empresa, deve ter uma reunião nesta terça-feira (16/12) com o ministro de Minas e Energia do governo Lula, Alexandre Silveira (PSD).