Chegamos ao fim de 2025. Se alguém esperava tédio, o Brasil tratou de decepcionar. O ano que termina hoje não foi apenas mais um calendário; foi o ano em que o país redesenhou suas linhas de força e em que o pragmatismo, para o bem ou para o mal, teve oportunidades de atropelar a ideologia.
A conta do 8 de janeiro e a condenação por tentativa de golpe de Estado (sim, é fato)
O desfecho das investigações sobre a trama golpista foi o grande marco civilizatório deste ano. O martelo bateu forte: Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, mas o peso histórico veio da condenação inédita de generais de alta patente.
Pela primeira vez, a farda não serviu de escudo contra o Código Penal. O ponto de virada foi o silenciamento. Ao ver o ex-presidente e a cúpula militar presos e sem acesso a redes sociais e aos apoiadores mais radicais, o país pôde respirar. Sem o ruído constante de quem usava o posto e a farda para inflamar a população, as instituições puderam trabalhar. A condenação limpou o terreno e mostrou que ninguém está acima da lei.
O Congresso sequestrado e a falta de pulso de Motta
No Parlamento, o cenário foi de desalento. O que vimos em 2025 foi a extrema direita sequestrando a Mesa da Câmara, transformando o Legislativo em um balcão de pautas ideológicas radicais.
Hugo Motta provou ser menor do que a cadeira que ocupa. Faltou-lhe o pulso necessário para conter os grupos que tentam ditar à força o ritmo de Brasília. Enquanto o país pedia estabilidade, a Mesa da Câmara serviu de palco para o radicalismo, provando que Motta é refém das mesmas forças que o elegeram. Terminamos o ano com um Legislativo acéfalo, onde a gritaria da extrema direita manda mais que a política. Só não foi pior pelas manifestações dos brasileiros alertas.
Lula deslancha: A política da normalidade
Diferente do que muitos analistas dizem, o governo Lula não deslanchou por causa de números frios da economia, mas porque Lula voltou a fazer política. O presidente entendeu que o melhor antídoto contra o golpismo é o esvaziamento do conflito.
Ao deixar de lado, sempre que pôde, as brigas ideológicas inúteis e focar em uma agenda de estabilidade, Lula conseguiu isolar o piti da oposição radical. Ele ocupou o centro do tabuleiro, desarmou os críticos e provou que a normalidade institucional é o seu maior trunfo. Em 2025, Lula venceu não por uma revolução, mas por fazer o básico: governar sem sobressaltos, com diálogo, deixando a radicalização falando sozinha no deserto.
O STF na mira
A Justiça continuou sob fogo cruzado. A Corte ficou na berlinda por uma razão muito simples: sua firmeza incomodou quem queria um “acordão” de impunidade.
Foi a fase das tentativas mais agressivas de enquadrar o Supremo. Como os ministros não aceitaram as manobras para anistiar golpistas ou frear investigações contra parlamentares, o Congresso respondeu atacando os poderes da Corte. Foi uma retaliação institucional clara contra quem se recusou a ser conivente com o que aconteceu no 8 de janeiro.
Trump, o Tarifaço e o fiasco de Eduardo Bolsonaro
Donald Trump trouxe o “Tarifaço” de 50%, mas trouxe também o colapso da diplomacia paralela da família Bolsonaro. O destaque negativo aqui é o papel de Eduardo Bolsonaro, que tentou vender a ilusão de que sua proximidade com os Trump traria proteção ao pai.
Trump deu um sonoro “tchau, querido” para Bolsonaro e ignorou solenemente os apelos de Eduardo. Para proteger a economia americana, o presidente dos EUA priorizou a relação institucional com quem governa o país: Lula. Eduardo Bolsonaro ficou falando sozinho, enquanto Trump mostrava que prefere o pragmatismo das relações de Estado do que se preocupar com o destino de um ex-presidente condenado e preso.
Lula ganhou a bandeira da soberania. Mereceu.
O herdeiro da vez: Flávio Bolsonaro
Fechamos o ano com o clã Bolsonaro tentando se reorganizar sob nova liderança. Com o pai fora do jogo e isolado, a sucessão foi decidida em família: Flávio Bolsonaro é o herdeiro.
Ele assume o papel de líder da oposição por ser mais articulado e saber transitar em Brasília muito melhor que o pai ou o irmão Eduardo. Flávio termina o ano encarregado de manter o PL unido e a militância acesa, tentando equilibrar o sobrenome pesado com uma postura menos truculenta. É o rosto da “nova” direita que tenta sobreviver à sombra da prisão de Jair e dos generais.
O submisso Tarcísio de Freitas, o nome mais querido da direita órfã, apoiou decisão de Bolsonaro. Para desagrado geral.
Michelle? Essa segue abocanhando espaço de liderança. A ver.
Aqui você vê muito mais:
